Em dezembro de 2012, dizia Ed Motta no Facebook: “Foi
um ano de grande realização e superação. Gravei um disco em português/inglês – [com]
letras de Adriana Calcanhotto, Rita Lee e outras feras – [que] vai sair na Europa
primeiro. Quer dizer: fecho o ano sem saber se o disco vai ser lançado aqui [no
Brasil]. As gravadoras cagaram e andaram. [Os] que [nele] participaram,
perguntam: ‘Ed, cadê o disco?’ Não sei. Tomara que saia, porque a versão em
português é minha favorita.” Meses depois, “AOR” –
sigla para 'album' ou ‘adult oriented rock’ que, nos anos 90, por lojas de discos na
Grande Lisboa, inspirada pela aparência dos seus consumidores, gerou a
caracterização ‘rock orientado para adúlteros’ – seria distribuído no
Brasil, e em comum com a versão agora disponível no mercado português, que não
as letras, saídas, estas, da pena de Rob Gallagher, possui os arranjos e umas fotos
a lembrar os Logins & Messina de “Full Sail” ou os Crosby, Stills &
Nash de “CSN”, com Ed combinando figurinos de “Magnum, P.I.” e “Sonny” Crockett.
Apesar do que afirmou o seu autor, porque é de fantasia que se trata, e ainda
que, em ‘1978’ ou ‘Farmer’s Wife’, quando comparados aos homólogos em português,
se iluda o confessionalismo nestes poemas, a verdade é que “AOR” soa melhor na
sua edição ‘internacional’. Nem que seja pelo facto de a autobiografia musical
de Ed ser superior à escrita. Dir-se-á que sofre de Síndrome de Estocolmo face
a “Aja”, dos Steely Dan. Mas recordem-se as produções de Lincoln Olivetti,
essencialmente entre 1977 e 1983, e confirme-se que, ao contrário do tolo de
que falavam os Doobie Brothers, Ed não se “esforça por recriar/ o que estava
ainda por ser criado”. Mas, citando Mário de Sá-Carneiro, o “AOR” ideal, esse,
não é este nem é o outro, mas qualquer coisa de intermédio.
Sem comentários:
Enviar um comentário