6 de outubro de 2018

Agenda: Andy Sheppard, Nate Wooley, Egberto Gismonti, Outono em Jazz

O jazz funciona muitas vezes como uma música de proximidade. Aliás, no seu começo, parecia já de tal modo íntimo dos seus comunicadores e confidentes que foi batizado com uma expressão extramusical. Um facto que nunca deixou de surpreender teóricos, a ponto de Gunther Schuller o considerar acima de tudo um “fenómeno sociológico”. Volvidos mais de 100 anos desde a sua fixação em disco, continua a eludir restrições mais categóricas – o que não deixa de constituir prova da enorme capacidade de adaptação das suas células radicais. Uma condição, claro está, que se dirá relativa a múltiplas direções. Andy Sheppard [na foto], por exemplo, cuja aproximação social e afetiva a Portugal terá feito aumentar a familiaridade da paróquia com a sua obra desde que há coisa de um ano se mudou para a zona de Mafra, em entrevista a “Jazz.pt”, afirmou: “A certa altura, quando estava em Londres, estive muito ativo na cena free. (…) É uma música que acontece no momento, é muito libertadora. Mas comecei a achar que era estranhamente restritiva. (…) Também é bom ser livre dentro de uma estrutura, e pessoalmente acho isso mais interessante.” Enfim, será algo a que as suas plateias saberão responder: toca hoje à noite em Lisboa, no Hot Clube, e antes de acabar o mês subirá ao palco do SeixalJazz com Carla Bley. Outro músico que reflete sobre coisas do género é Nate Wooley – “o debate sobre o que não é, nem deixa de ser jazz é o exemplo acabado de uma dinâmica social que gera dano e desunião”, escreveu em “Sound American”, a propósito de um inquérito que promoveu junto de 50 compositores e instrumentistas. Então, concluiu, a maior parte dos inquiridos não se mostrou interessada em falar de exclusão. Uma “reação natural”, considerou, “tendo em conta que se há coisa que define historicamente este debate é o desejo expresso por alguns grupos de não admitir a entrada a certos indivíduos na tradição do jazz” – toca dia 10, a solo, no ciclo “Solilóquios” do Yoga Sobre o Porto. Na mesma semana, dia 9 na Casa da Música e dia 15 no Casino Estoril, estará entre nós Egberto Gismonti, de que também se diz ter o hábito de transcender classificações quando o que sempre fez foi inventariar um repertório próximo das raízes do jazz a que poucos prestaram atenção. Um interesse do Outono em Jazz, na Casa da Música, em que se destaca Tarkovsky Quartet (domingo), Ambrose Akinmusire (23) e Rudresh Mahanthappa (28).

Sem comentários:

Enviar um comentário