8 de julho de 2017

Agenda: Funchal Jazz


O que possuem Erykah Badu, Jamiroquai, De La Soul, Mary J. Blige, Pet Shop Boys, Grace Jones, Bryan Ferry, Youssou N’Dour, Pretenders, Tom Jones, Sting ou Gipsy Kings em comum? Muitas coisas, certamente – entre as quais, por exemplo, atuações no “Later… With Jools Holland”, da BBC 2. Mas, para o que agora interessa, une-os outra condição: a de cabeças-de-cartaz, no corrente mês, dos mais destacados festivais de jazz do mundo, de Montreux a Montreal, de Roterdão (North Sea) a Copenhaga, de San Sebastián a Úmbria, passando por Antibes (Jazz à Juan) e Nice. Como é óbvio, este tipo de programação permite que se concretize algo que remete em simultâneo para muito mais e para muito menos que o jazz mas que não deixa de ser parte integrante da sua perceção global: a de uma música que dramatiza como poucas a tensão entre o interesse individual e o coletivo, a capacidade de inovação e a conservação, o imaginário nativo e o espírito cosmopolita, etc. Há aqui afinidades ideológicas com certas teses sociais que, neste contexto, dão mostras de caracterizar implicitamente o amante de jazz que espera ouvir jazz num festival de jazz como uma espécie em vias de extinção ou, pior, como um reacionário. Mas não tem de ser assim, claro, como demonstra a organização do madeirense Funchal Jazz, daquelas em que se pensa mais no conteúdo do que na forma e que arranca quinta-feira, dia 13, no Parque de Santa Catarina, quando, às 21h30, subir a palco um nome que põe a nu estas crises de identidade: o de João Barradas, jovem instrumentista e compositor que, ao acordeão, terá conhecido a aflição que aguarda os surfistas que chegarem a Tóquio em 2020, digamos, ansiosos por provar o quão legítimo é o seu ingresso no Olimpo. Acompanham-no os músicos do recente “Directions”, incluindo Greg Osby, que às 23h00 atuará lá do alto no estelar Saxophone Summit (ao lado de Dave Liebman, Joe Lovano, Phil Markowitz, Cecil McBee e Roy Haynes - na foto). Dia 14 chega o apolíneo trio de Rudy Royston e a hedonista Caipi Band, de Kurt Rosenwinkel (e de caipirinha e de caipira, presume-se), e dia 15 bons ventos trazem o trio de Bill Frisell e o quarteto de Charles Lloyd. A partir daí vai ser mais difícil voltar à terra.

Sem comentários:

Enviar um comentário