14 de março de 2009

Roberto Carlos e Caetano Veloso "E a Música de Tom Jobim"

Desfazendo um par de equívocos mediáticos, primeiro, este não é um DVD de duetos (Roberto e Caetano cantam juntos quatro temas) e, segundo, os espectáculos que lhe estiveram na base, no modelo revista-light dos ‘RC Especial’ (com arranjos cénicos melhor apreciados de olhos entreabertos), foram para além da celebração da bossa nova. Porque se a bossa é João Gilberto então Tom terá de ser outra coisa qualquer. E muitas destas canções, algumas no calendário (‘Tereza da Praia’, ‘Caminho de Pedra’ ou ‘Por Causa de Você’), transcenderam o género. Mas a inspiração de um talento maior que qualquer estilo não garante um diálogo aberto com a eternidade e no cotejo pouco mais se ganha que o reconhecimento de distintos paradigmas de interpretação. Caetano, demasiado gramatical, insiste em tensos tombos de escala – e se o fatalismo de ‘Inútil Paisagem’ e ‘Por Toda a Minha Vida’ justificam rigidez no canto, tornou austeras as doces melodias de ‘Ela é Carioca’ ou ‘Meditação’. O Rei, em ‘Samba do Avião’ ou ‘Eu Sei Que Vou Te Amar’, está como o mergulhador que só em saltos anulados consegue entrar na água sem splash. Os dois, condutores de Domingo pela estrada do sol, olham saudosos para o mar, encontrando placidez onde já só está a falta de vida.

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