7 de fevereiro de 2009

Bengt Berger & Kjell Westling "Live in Stockholm 77"

O título valoriza o momento. Mas a história deverá ocupar-se da qualidade e menos da cronologia. E numa arte de poemas há quem aspire ao longo mergulho na prosa, revelando o tempo certo daquilo que a contingência abreviou. A estes suecos, discípulos de Don Cherry que em “Organic Music Society” ou “Eternal Now” fizeram corar décadas de teoria antropológica, não haverá antologia que valha. Até porque toda a sua obra, por definição, é una. E a combinação do jazz espiritual com a tradição escandinava nos Arbete Och Fritid, o ar do deserto nos Spjärnsvallet ou a percussiva exploração da noite tropical em síncrona filiação na música clássica indiana dos Archimedes Badkar têm aqui renovada pertinência. A crua síntese desta realidade filha dos anos 70 – gravada para a ECM em 1981 por uma Bitter Funeral Beer Band tutelada por Berger e Cherry mas permeável ao pulsar de uma aldeia africana – escancarou portas em vez de as fechar. Por tudo isto, é apenas natural que hoje, em countryandeastern.se, Berger revele as peças que faltam: concertos da Beer Band de meados de 80s, música fúnebre do Gana, o mestre do sarod K. Sridhar e, claro, estes diálogos de sax e bateria que reduzem o mundo a um belo instante.

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