17 de outubro de 2009

Tom Jobim "Tom Canta Vinicius - Ao Vivo"

Olhando estrelas suspensas sobre um tamarineiro, João Gilberto procurava-a desde criança. Vinicius de Moraes encontrou-a anos depois e para não ter de a trair dedicou-lhe um amor de menino. Entre o sonho de um e o coração de outro esteve Antônio Carlos Jobim, de lápis atrás da orelha, mangas arregaçadas e piano aberto. Foi ele que educou essa ficção chamada bossa nova. 50 anos mais tarde eles ainda lá estão, entre fantasmas, suspendendo a passagem das horas, dias e vidas, mas continuando a inventar o futuro. Cada instante serve para o repetir: como este, de 1990, em que Jobim reduziu a Banda Nova ao essencial e, com o seu filho Paulo, Danilo Caymmi e o casal Paula e Jaques Morelenbaum, apresentou um ciclo de canções que renovava o ensaiado para “Inédito” e lembrava o seu mais emblemático parceiro, desaparecido em 1980. E piano, violão, flauta, voz e violoncelo evocaram os espíritos de Chopin, Satie, Debussy, Ravel e Villa-Lobos, até tudo mergulhar em nostalgia e, por uma vez, dispensar ‘Chega de Saudade’. Mas as outras grandes canções que escreveram juntos entre 1957 e 1963 estão cá – ‘Eu Sei Que Vou Te Amar’, ‘Garota de Ipanema’, ‘A Felicidade’ ou ‘Insensatez’ – em arranjos que, colados a versos do poeta, “voam tão leve” e se perdem “em carícias de água”. Um enlevo de câmara.

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