Ninguém dirá que abriu as comportas – pois cedo caiu no esquecimento ou porque “Africafunk” em 1998 e “Club Africa” em 1999 o precederam –, mas, na medida em que existiram músicos que influenciaram mais outros músicos do que a música propriamente dita, não andará longe da verdade quem atribuir ao volume inaugural da Kona Records, em 2001, a inspiração para a subsequente militância da Soundway, Analog Africa, Sterns, Honest Jon’s, Vampisoul ou Strut, que agora o reedita e que então o superou com “Nigeria 70”. Isto é, para lá da cronologia, “Afro-Rock” comprova a mudança de paradigma – subvertendo perversões conservacionistas – na representação da música africana por editoras europeias. E, valorizando a mais incendiária, subterrânea, frenética e marginal produção queniana, ganesa ou congolesa, actualizou também o dicionário do funk, soul e do próprio afrobeat. Permanece uma extática experiência mas ganha contornos caucionários: aos seus activistas (Ishmael Jingo, Geraldo Pino, Steele Beauttah, etc) só garantiu reconhecimento póstumo.
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