3 de novembro de 2012

Tunji Oyelana “A Nigerian Retrospective: 1966-79” (Soundway, 2012)



Adscrito à causa afrobeat em compilações como “Nigeria 70” (Strut, 2001), “Afro Baby” (Soundway, 2004) ou “World Psychedelic Classics 3” (Luaka Bop, 2005), de Uncle Tunji Oyelana (ator, associado de Wole Soyinka, cantor, poeta, dramaturgo, professor e, aos setenta e poucos anos, animador no Emukay, o seu restaurante londrino) guardaram os arquivos europeus pouco mais que o apodo. Mas, no que concerne aos predicados ostentados por procedimentos editoriais originários da Nigéria, o mundo mudou em meia dúzia de anos. E, conquistando um enfoque especializado, frustram-se agora os grandes arcos narrativos mas pelo menos surpreende-se a cada furtivo ensaio. Até ao ponto de, paradoxalmente, a acumulação de títulos sugerir uma incredível e absurda insularidade: pois nada de particularmente concêntrico se encontra no comunicado da restauração integral da discografia de Fela Kuti, Blo, Ofege, Joni Haastrup, Tirogo e Lijadu Sisters ou nas extravagantes antologias consagradas a Victor Olaiya, Funkees, Segun Bucknor, Bola Johnson, Victor Uwaifo e Orlando Julius, publicadas para desacreditar a meditação de que homem algum é uma ilha. Aliás, só um par de seleções – compreendido por “Lagos Disco Inferno” e “Brand New Wayo” – surgiu nos últimos tempos subjacente ao segundo princípio crucial (o primeiro era o da competitividade) na produção nigeriana da década de 70: o da elasticidade. De outra coisa não tratava a banda de Oyelana (os Benders) quando, a cada novo disco, centrifugava calipso, reggae, highlife, funk, juju e afro rock psicadélico num afável cadinho cujo único ressaibo derivava da política e ao qual aplicava, com determinação quase varonil, modelos rítmicos autóctones de inspiração ioruba sem iludir um fascínio praticamente instintivo pela possibilidade de cada canção. Uma lição.

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