Adscrito
à causa afrobeat em compilações como
“Nigeria 70” (Strut, 2001), “Afro Baby” (Soundway, 2004) ou “World Psychedelic
Classics 3” (Luaka Bop, 2005), de Uncle Tunji Oyelana (ator, associado de Wole
Soyinka, cantor, poeta, dramaturgo, professor e, aos setenta e poucos anos,
animador no Emukay, o seu restaurante londrino) guardaram os arquivos europeus pouco
mais que o apodo. Mas, no que concerne aos predicados ostentados por procedimentos
editoriais originários da Nigéria, o mundo mudou em meia dúzia de anos. E,
conquistando um enfoque especializado, frustram-se agora os grandes arcos
narrativos mas pelo menos surpreende-se a cada furtivo ensaio. Até ao ponto de,
paradoxalmente, a acumulação de títulos sugerir uma incredível e absurda insularidade:
pois nada de particularmente concêntrico se encontra no comunicado da
restauração integral da discografia de Fela Kuti, Blo, Ofege, Joni Haastrup,
Tirogo e Lijadu Sisters ou nas extravagantes antologias consagradas a Victor
Olaiya, Funkees, Segun Bucknor, Bola Johnson, Victor Uwaifo e Orlando Julius, publicadas
para desacreditar a meditação de que homem algum é uma ilha. Aliás, só um par
de seleções – compreendido por “Lagos Disco Inferno” e “Brand New Wayo” – surgiu
nos últimos tempos subjacente ao segundo princípio crucial (o primeiro era o da
competitividade) na produção nigeriana da década de 70: o da elasticidade. De
outra coisa não tratava a banda de Oyelana (os Benders) quando, a cada novo
disco, centrifugava calipso, reggae, highlife, funk, juju e afro rock
psicadélico num afável cadinho cujo único ressaibo derivava da política e ao
qual aplicava, com determinação quase varonil, modelos rítmicos autóctones de
inspiração ioruba sem iludir um fascínio praticamente instintivo pela
possibilidade de cada canção. Uma lição.
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