13 de agosto de 2016

Jazz em Agosto 2016: Espaço e Tempo



Na corrente edição do Jazz em Agosto, Evan Parker e David Toop falaram de um interesse pelo tempo. Sobretudo, de como a experiência da música – do seu exercício à sua escuta – afeta o relógio biológico. Mas há, também, uma música que influencia a perceção do espaço. Quando alguém perguntava ao jornalista italiano Luca Vitali o porquê de ter escrito um livro dedicado ao jazz norueguês, ele começava por lembrar o “papel que a Noruega desempenhou na emancipação do jazz europeu da sua matriz afro-americana”, mas, logo depois, adiantava que queria desmontar um clichê: “Vista de fora”, dizia, “a cena escandinava é frequentemente associada com aquilo que apelidamos de ‘som nórdico’ – um jazz melodioso de tons suaves e abundantes efeitos de reverberação. Ora esta imagem não lhe faz jus [e], no livro, procuro revelar a parte oculta do icebergue.” Hoje, às 18h00, na Sala Polivalente, apresentará as suas conclusões e, de seguida, com a subida ao palco do baterista Paal Nilssen-Love, permitirá que se passe da teoria à prática. Mas será amanhã à noite que Love, ao comando da sua Large Unit, procederá à liquefação de todos os cristalizados preconceitos acerca dos espaços do jazz. Assunto que também interessa a Thomas de Pourquery, cujos Supersonic (hoje, 21h30) interpretam música de Sun Ra, aquele que cantou ‘Space is the Place’, e a Frank Gratkowski (amanhã, 18h30), que, descrevendo o ato de tocar a solo, falou da “ambiciosa luta em personalizar através do som um espaço que não é só seu”.

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