12 de dezembro de 2009

Sugestões de Natal

Arnaldo Antunes “Iê Iê Iê”
No ano do lançamento em DVD de “Na Onda do Iê Iê Iê” e da publicação da autobiografia de Erasmo Carlos, só Arnaldo Antunes para pôr a saudade a dançar. Sublimando Roberto Carlos, Golden Boys ou Fevers (por cá havia Sheiks, Tártaros ou Chinchilas), abrilhanta penteados, encurta minissaias e lustra turbinas naquilo que nunca fez antes: canções de época.
Luz Casal “La Pasión”
Pomposos sopros insuflam orquestras cubanas em canções de René Touzet e Osvaldo Farrés, move-se a congas o metrónomo mexicano segundo María Grever e Rosario Sansores Prén, demolham-se ‘Historia de un Amor’ e ‘Cenizas’ e uma vaga de violinos encharca boleros de Porto Rico, Chile, Brasil e Argentina. Canta-se bem mas quem alegra é o maestro, Eumir Deodato.
Adriana Partimpim “Partimpim Dois”
Livros e discos infantis são uma espécie de nova beneficência. Tanto aliviam consciências quanto salvam carreiras. Adriana Calcanhotto toma comprimidos para o enjoo de “Maré” e dá dois passos atrás. Mantêm-se referências e cúmplices, adiciona-se o Dylan cristão renascido, mistura-se uma meninice de Vinicius e batuca-se João Gilberto. Não faz mal a uma mosca.
Seu Jorge “América Brasil, O CD Ao Vivo”
A gravação é de Janeiro e traz apenas um inédito. Mas nada diminui o impacto de milhares de vozes a cantar ‘É Isso Aí’, ‘Carolina’, ‘Tive Razão’ ou ‘São Gonça’. Apela aos mais básicos instintos do mercado mas ninguém combina desta maneira heranças de Jorge Ben, Bezerra da Silva e Emílio Santiago. Há ainda na banda uma endiabrada rabeca a lembrar Jorge Mautner.
“Elas Cantam Roberto Carlos”
Não há Natal sem Roberto Carlos. E é natural que a festa arranque mais cedo neste ano em que se celebram os seus 50 anos de carreira. “Elas…” regista o concerto de 26 de Maio em que se engalanaram vozes e vestidos. No alvo: Alcione, Marina Lima, Adriana Calcanhotto e Nana Caymmi. O ‘Rei’ apareceu para a inevitável ‘Emoções’ mas não precisou de ir ao duche.
Don Cherry & Latif Khan “Music / Sangam”
Nunca terá a sua acção dependido do calendário, mas não virá a despropósito evocar agora quem sempre celebrou valores ecuménicos. Nesta sessão de 1978 (com Khan nas tablas), Cherry cruza melodias guineenses com indianas, canta, toca órgão, harmónio ou flauta de bambu, e, à semelhança de Jon Hassell, recorda parte daquilo que Miles desistiu de sonhar.

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