Com a sua morte, em 1989, caiu a noite sobre uma nação em ruínas. E – à excepção da que, estando já em parte alguma, se baseava em valores de produção importados – não se vislumbrava que a música no Congo sobrevivesse ao desaparecimento de Franco. Passadas duas décadas está ainda por se refazer o país, mas pela primeira vez desde a saída do poder de Mobutu chega em paz o mês de Janeiro. Talvez por isso tenha 2009 (com o segundo volume de “Francophonic”, a compilação “Cubanismo from the Congo” ou a descoberta de Staff Benda Bilili) prenunciado o regresso da antiga colónia belga ao mapa mundial de distinção estética. Também Syran Mbenza – com um punhado de veteranos das TPOK Jazz, Quatre Étoiles e Kékélé a seu lado – relembra as lições do seu malogrado líder, puxando o lustro a clássicos do seu repertório e renovando-lhe características essenciais: irresignável sentido rítmico em síncopes de voluptuosa elegância, transparente delicadeza em harmonias de eterna deriva atlântica, gorjeados vapores extraídos a febris braços de guitarra, deslizantes melodias suspensas em colares de atóis, sopros de panteão a balançar as ancas ao equador, prosódicos jogos de palavras a escarnecer linguistas. Tão simples quanto a rotação da Terra.
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