E do baú não se vê o fundo. Porque, contrariando permanentes mistificações sobre a acessibilidade, a verdade é que o mundo continua cheio de histórias por contar. Outra coisa não motivou Francis Falceto quando, em 1997, iniciou a série que mais vezes desde o “Live Aid” levou o nome da Etiópia aos jornais. Que o tenha feito sem apelar a caridosos instintos ocidentais será, em si, um pequeno triunfo. E, ainda que assente em méritos artísticos individuais, desse esforço não foi consequência menor a chegada de Mulatu Astatke (vol. 4) ou Alému Aga (vol. 11) a palcos internacionais. Agora, torna ao catálogo de Ahma Eshèté, do qual havia já extraído material para os volumes 1 e 3, e, como duas faces de uma mesma moeda, representa estilos urbanos (vol. 24) e rurais (vol. 25). Como de costume, não sugere menos que a descoberta de uma realidade paralela em que toda a importante música moderna parece ter raiz na terra da australopiteca Lucy. Porque, já um antepassado nosso o sabia (Francisco Álvares, autor em 1540 de “Verdadeira Informação sobre a Terra do Preste João das Índias”), aí normalmente se confundem facto e fantasia.
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