Não se tratará de uma revolução – mas, essa, sem este combustível não seria a mesma. Porque as consequências da entrada em estúdio representariam para um punhado de rebeldes o acto inaugural de um discurso que viria a mudar a música moderna do Congo Belga e de grande parte das nações africanas pós-independentistas. E se a receita parece conhecida – comprovando o fascínio da época pelas formas cubanas, por uma certa ideia de jazz descoberta nos discos de Louis Armstrong ou da orquestra de Duke Ellington, pelas baladas mediterrânicas de Tino Rossi ou por aquilo que no mundo despontava colado à etiqueta rock – a verdade é que raramente se deu a provar tão crua. No fundo, testemunha também outra transformação quase tão significativa – que se deu antes do baptismo da O.K. Jazz, quando em 1953 Bill Alexandre emigrou para Léopoldville de Gibson debaixo do braço – ao documentar os primeiros temas à guitarra eléctrica daquele que viria a ser aclamado como o seu feiticeiro. François Luambo, ou Franco, tinha então dezasseis anos e acompanhava vocalistas no estúdio Loningisa ao lado de outros ‘músicos de sessão’, como o guitarrista Dewayon, os cantores Vicky Longomba e Philippe Rossignol Lalande, o percussionista Saturnin Pandi, o contrabaixista De La Lune, o clarinetista Jean Serge Essous e o saxofonista Nino Malapet. Ganhando nome a 6 de Junho de 1956, ao conseguirem uma actuação no OK Bar (graças à popularidade da African Jazz o apelido era obrigatório), dariam os primeiros passos num caminho bem conhecido e que conduziria ao impacto planetário do soukous. Mas estas vinte canções que o precederam, equilibradas entre a mais desarmante ingenuidade e a uma inesperada maturidade, espelham ainda a sociedade colonial de que dependiam e da qual com todas as forças tentavam escapar. Nessa perspectiva, são uma inesquecível crónica de juventude.
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