Pode um contacto inicial com estas gravações lembrar o conceito do ‘eterno retorno’ ou conduzir à suspeita de um ‘universo paralelo’. Mas a verdade é bem mais simples: sem porventura nisso repararem, os Psychedelic Aliens traduziram com a sua música um movimento circular que, no Gana, tinha precedente no percurso político de Kwame Nkrumah. Porque se foi nos Estados Unidos e Inglaterra, ao cruzar-se com intelectuais da estirpe de Marcus Garvey, W. E. B. Du Bois ou George Padmore, que encontrou a razão de ser do Pan-Africanismo o primeiro líder do seu país após a conquista da independência, também este pioneiro grupo de Accra começou por se especializar na obra de Shadows, Animals, Booker T. & the M.G.’s ou Jimi Hendrix antes de avançar com a sua versão dos acontecimentos. E, sem que nunca daí tenha saído, deveu o definitivo regresso a casa ao contacto directo com aqueles – Santana, Roberta Flack ou Wilson Pickett – que até à capital ganesa se deslocaram em 1971 para o concerto “Soul to Soul”. Tal como sugere no texto de apresentação desta antologia Ricky Telfer (principal compositor da banda e hoje técnico informático e organista numa igreja dos arredores de Toronto, no Canadá), comprovar em primeira mão que quem lhe servia de exemplo procurava, por sua vez, inspiração em solo africano implicou uma inversão de poder no seu diálogo com a produção ocidental. Há, por isso, além da leveza de espírito que vem com o orgulho recuperado e a liberdade de acção que conhecem os que só dependem de si próprios, um continente de distância entre o antes (um EP com quatro temas de 1970) e o depois (dois singles de 1971) dessa tomada de consciência. E, ainda que não represente o nascimento do afro-rock psicadélico, que tudo não tenha sido mais que um forte clarão que logo se extinguiu – assim permanecendo durante 40 anos – é já da ordem do mito.
Sem comentários:
Enviar um comentário