Rúbrica "Discos da Minha Vida": de múltiplas formas (coleccionador,
lojista, promotor de concertos, distribuidor, editor, o que quiserem), João Prado Santos tem nos
últimos 15 anos vivido dos – e para os – discos. Paralelamente, primeiro em obscuras publicações, depois na
revista Op e desde 2009 no semanário Expresso, dedicou-se à crítica. Foi-lhe manifestamente
impossível escolher, como lhe pedimos, os 30 discos de jazz 'da sua vida'. Por isso, fez batota: elaborou
quatro listas distintas e sorteou uma. Calhou-nos a dos pianistas, por ordem alfabética do nome próprio, com outra finta às
regras na inclusão da caixa* de Art Tatum.
Al
Haig “Trio” (Esoteric, 1954)
Andrew
Hill “From California with Love” (Artists House, 1979)
Art
Tatum “Complete Pablo Solo Masterpieces 1953-1955” (Pablo, 1991)
Barry
Harris “Listen to Barry Harris” (Riverside, 1961)
Bill
Evans “Waltz for Debby” (Riverside, 1961)
Cecil
Taylor “Looking Ahead” (Contemporary, 1959)
Don
Friedman “A Day in the City” (Riverside, 1961)
Duke
Jordan “Flight to Jordan” (Blue Note, 1961)
Duke
Pearson “Right Touch” (Blue Note, 1968)
Earl
Hines “Spontaneous Explorations” (Stateside, 1964)
Elmo
Hope “Quintet” (Blue Note, 1954)
Enrique
Villegas “Introducing” (Columbia, 1955)
Eubie
Blake “Rags
to Classics” (Eubie Blake Music, 1972)
Hampton
Hawes “Vol. 1: The Trio” (Contemporary, 1955)
Herbie
Hancock “Crossings” (Warner Bros., 1971)
Horace
Tapscott “Songs of the Unsung” (Interplay, 1978)
Jaky
Byard “Parisian Solos” (Futura Swing, 1971)
Martial
Solal “Nothing but Piano” (MPS, 1976)
Paul
Bley “Alone, Again” (Improvising Artists Inc., 1975)
Phineas
Newborn Jr. “Here is Phineas” (Atlantic, 1956)
Ran
Blake “Breakthru” (Improvising Artists Inc., 1975)
Randy
Weston “African Rhythms” (Le Chant du Monde, 1975)
Roland
Hanna “Sir Elf” (Choice, 1973)
Sonny
Clark “Cool Struttin'” (Blue Note, 1958)
Stanley
Cowell “Blues for the Viet Cong” (Arista, 1977)
Steve
Kuhn “Ecstasy” (ECM, 1975)
Thelonious
Monk “Alone in San Francisco” (Riverside, 1959)
Walter
Davis Jr. “Davis Cup” (Blue Note, 1960)
Walter
Norris “Synchronicity” (Enja, 1978)
Wynton
Kelly “Kelly Blue” (Riverside, 1959)
* No contexto da publicação da lista de 30 "discos da minha vida" que a Jazz.pt teve a cortesia de me pedir, esta caixa, que reúne as sessões a solo realizadas por Art Tatum com Norman Granz pouco antes de falecer, possui um caráter absolutamente excepcional. Não só não tem companhia na sua categoria - a das antologias recheadas de múltiplos discos - como, por sinal, se tratou do único lançamento em CD que aqui incluí. Todos os outros títulos a que fiz referência, nas suas edições originais, possuo na minha colecção em LP (o meu meio de reprodução fonográfica de eleição). E, de certa forma, este desvio à regra - associado a essoutro de, no caso, me limitar a escolher entre gravações de pianistas - permite-me que refira mais um par de condicionamentos de que tive perfeita consciência quando, a custo, decidi tornar efetiva uma lista destas: evitar a repetição de artistas; e restringir-me a álbuns, i.e., à era do longa-duração. Art Tatum (um pouco à semelhança de Eubie Blake) adquire assim um último estatuto simbólico: o de elo de ligação para as épocas dos pianistas de ragtime, stride ou boogie-woogie que tanto admiro, mas que tiveram essencialmente obra gravada em 78 rpm. A lista final - porque estas coisas são, de facto, e por natureza, muito volúveis - servirá, quanto muito, e num enquadramento em tudo específico ao período da sua elaboração, para representar um certo estado de espírito e um determinado conjunto de circunstâncias (preocupei-me, por exemplo, em conferir alguma variedade estilística e narrativa à lista; e de dar alguma primazia ao prazer que obtive sempre que tornei a estes discos; ou seja, é óbvio que não vai ser pela audição de "Crossings" que se terá acesso ao génio de Hancock ao piano, nem tão pouco através de "From California with Love", mais do que com qualquer um dos seus discos na Blue Note, se compreenderá o mais revolucionário em Hill). Enfim, perdoem-me a verbosidade e, ao mesmo tempo, alguma vacuidade, mas achei importante esclarecer que nem de perto, nem de longe se esgotam aqui as minhas preferências. Já agora, se pressionado, é possível que trocasse meia lista pelo Herbie Nichols dos dois volumes de "The Prophetic...".
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