1 de julho de 2011

Discos da minha vida (Jazz.pt)



Rúbrica "Discos da Minha Vida": de múltiplas formas (coleccionador, lojista, promotor de concertos, distribuidor, editor, o que quiserem), João Prado Santos tem nos últimos 15 anos vivido dos – e para os – discos. Paralelamente, primeiro em obscuras publicações, depois na revista Op e desde 2009 no semanário Expresso, dedicou-se à crítica. Foi-lhe manifestamente impossível escolher, como lhe pedimos, os 30 discos de jazz 'da sua vida'. Por isso, fez batota: elaborou quatro listas distintas e sorteou uma. Calhou-nos a dos pianistas, por ordem alfabética do nome próprio, com outra finta às regras na inclusão da caixa* de Art Tatum.

Al Haig “Trio” (Esoteric, 1954)
Andrew Hill “From California with Love” (Artists House, 1979)
Art Tatum “Complete Pablo Solo Masterpieces 1953-1955” (Pablo, 1991)
Barry Harris “Listen to Barry Harris” (Riverside, 1961)
Bill Evans “Waltz for Debby” (Riverside, 1961)
Cecil Taylor “Looking Ahead” (Contemporary, 1959)
Don Friedman “A Day in the City” (Riverside, 1961)
Duke Jordan “Flight to Jordan” (Blue Note, 1961)
Duke Pearson “Right Touch” (Blue Note, 1968)
Earl Hines “Spontaneous Explorations” (Stateside, 1964)
Elmo Hope “Quintet” (Blue Note, 1954)
Enrique Villegas “Introducing” (Columbia, 1955)
Eubie Blake “Rags to Classics” (Eubie Blake Music, 1972)
Hampton Hawes “Vol. 1: The Trio” (Contemporary, 1955)
Herbie Hancock “Crossings” (Warner Bros., 1971)
Horace Tapscott “Songs of the Unsung” (Interplay, 1978)
Jaky Byard “Parisian Solos” (Futura Swing, 1971)
Martial Solal “Nothing but Piano” (MPS, 1976)
Paul Bley “Alone, Again” (Improvising Artists Inc., 1975)
Phineas Newborn Jr. “Here is Phineas” (Atlantic, 1956)
Ran Blake “Breakthru” (Improvising Artists Inc., 1975)
Randy Weston “African Rhythms” (Le Chant du Monde, 1975)
Roland Hanna “Sir Elf” (Choice, 1973)
Sonny Clark “Cool Struttin'” (Blue Note, 1958)
Stanley Cowell “Blues for the Viet Cong” (Arista, 1977)
Steve Kuhn “Ecstasy” (ECM, 1975)
Thelonious Monk “Alone in San Francisco” (Riverside, 1959)
Walter Davis Jr. “Davis Cup” (Blue Note, 1960)
Walter Norris “Synchronicity” (Enja, 1978)
Wynton Kelly “Kelly Blue” (Riverside, 1959)

* No contexto da publicação da lista de 30 "discos da minha vida" que a Jazz.pt teve a cortesia de me pedir, esta caixa, que reúne as sessões a solo realizadas por Art Tatum com Norman Granz pouco antes de falecer, possui um caráter absolutamente excepcional. Não só não tem companhia na sua categoria - a das antologias recheadas de múltiplos discos - como, por sinal, se tratou do único lançamento em CD que aqui incluí. Todos os outros títulos a que fiz referência, nas suas edições originais, possuo na minha colecção em LP (o meu meio de reprodução fonográfica de eleição). E, de certa forma, este desvio à regra - associado a essoutro de, no caso, me limitar a escolher entre gravações de pianistas - permite-me que refira mais um par de condicionamentos de que tive perfeita consciência quando, a custo, decidi tornar efetiva uma lista destas: evitar a repetição de artistas; e restringir-me a álbuns, i.e., à era do longa-duração. Art Tatum (um pouco à semelhança de Eubie Blake) adquire assim um último estatuto simbólico: o de elo de ligação para as épocas dos pianistas de ragtime, stride ou boogie-woogie que tanto admiro, mas que tiveram essencialmente obra gravada em 78 rpm. A lista final - porque estas coisas são, de facto, e por natureza, muito volúveis - servirá, quanto muito, e num enquadramento em tudo específico ao período da sua elaboração, para representar um certo estado de espírito e um determinado conjunto de circunstâncias (preocupei-me, por exemplo, em conferir alguma variedade estilística e narrativa à lista; e de dar alguma primazia ao prazer que obtive sempre que tornei a estes discos; ou seja, é óbvio que não vai ser pela audição de "Crossings" que se terá acesso ao génio de Hancock ao piano, nem tão pouco através de "From California with Love", mais do que com qualquer um dos seus discos na Blue Note, se compreenderá o mais revolucionário em Hill). Enfim, perdoem-me a verbosidade e, ao mesmo tempo, alguma vacuidade, mas achei importante esclarecer que nem de perto, nem de longe se esgotam aqui as minhas preferências. Já agora, se pressionado, é possível que trocasse meia lista pelo Herbie Nichols dos dois volumes de "The Prophetic...".

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