31 de março de 2012

Sory Kandia Kouyaté “La Voix de la Révolution” (Sterns, 2012)

Tudo em Sory Kandia Kouyaté (1933-1977) foi canónico: o domínio procedimental da língua, a funcionalista instância rítmica, a épica restauração historiográfica, a soberania tonal, a fidelidade cultural. E, ao que se sabe, já assim era quando, no início da década de 50, por ele deu Sékou Touré, líder do Partido Democrático da Guiné. Por isso mesmo manteve-se impermeável à perfídia a voz do primeiro, ainda que adaptada aos manipulativos preceitos ideológicos do segundo, logo que, em 58, proclamou a independência do seu país e ditou as bases de uma doutrina de incentivo à produção artística sob o signo da autenticidade. Kouyaté, que não sabia agir de outra forma, prestou-se à renovação da trupe Les Ballets Africains, correndo mundo (Europa, União Soviética, EUA, China) e ajudando a promover uma cultura que só a euforia pós-revolucionária considerava nacionalista. São desse período um par de canções aqui reunidas, em 61 editadas pela francesa Vogue no EP “Kouyate Kandia – Des Ballets Africains de Keita Fodéba”, e é inegável o seu fulgor panfletário, ainda que inteiramente dependente do radioso tom do cantor guineense. Anos mais tarde, em 73, com a eternidade no pensamento, regressaria a esse cancioneiro tradicional num conjunto de álbuns que permanece como um dos mais belos testemunhos de sempre da música mandinga, ao gravar os três volumes de “L'épopée du Mandingue” com Djéli Sory Kouyaté no balafon e o maliano Sidiki Diabaté (pai de Toumani Diabaté) na kora – extraem-se desse tríptico a maioria dos temas do segundo CD de “La Voix de la Révolution”. Para trás, restituindo dimensão orquestral à sua produção, ficavam exemplares discos com a banda de Kélétigui Traoré (matéria essencial no primeiro CD desta antologia) e uma acção tão importante para toda a África Ocidental que nem a memória dos políticos que a condicionaram consegue macular.

1 comentário:

  1. Maceió,25/05/12


    Amigos.

    Sory Kandia Kouyaté foi uma das mais be-
    las vozes não somente de Áfricca,mas do mundo
    Suas interpretações da música guineana,era im-
    pecável.Deixou maravilhoso legado à Nação.
    Que descanse em Paz kouyaté.Nós JAMAIS o esque-
    ceremos.Jamais serás substituido.Via a Repúbli-
    ca da Guiné!.Viva o povo da Guiné !Viva o notá-
    vel e inimitável e maravilhoso cantor da GUINÉ,
    "SORY KANDIA KOUYATÉ" !

    Adriel Batista Correia de Melo
    Maceió (Estado de Alagoas) Brasil

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