14 de fevereiro de 2015

Tony Malaby’s Tubacello “Scorpion Eater” (Clean Feed, 2014)




A acompanhar a receção crítica às suas mais inusuais formações, no jazz contemporâneo é normal impor-se um ponto que se propõe disputar a acracia que lhes é implícita e se resume nestes termos: é essencialmente subversiva ou apenas dispersiva a energia que da sua dinâmica resulta? Isto é, a insólita disposição dos seus elementos é mais uma das suas marcas de distinção ou será a única? Tony Malaby, que surge aqui à frente de um conjunto em que se une a um tubista (Dan Peck), a um violoncelista (Christopher Hoffman) e a um baterista (John Hollenbeck), e conforme se depreende pelo modo em que arruma o assunto, nunca quis tornar uma questão acessória da outra: “Há um contínuo mistério no som da tuba: de onde vem, qual a sua origem, em que lugar se situa na esfera de ação do grupo. [Possui] uma dimensão de que gosto muito.” Aliás, não seria aos 50 anos que substituiria uma convenção por outra. Na verdade, e independentemente da maneira em que se apresenta, a sua produção permanece extraordinariamente avessa a fórmulas. Quanto muito – e o título deste seu disco, só na aparência acerbo, ao inspirar-se por uma criança que adora chupa-chupas de escorpião parece apontar nesse sentido – utiliza-a para assinalar preconceitos a que jamais adere. Ou seja, não é por partilhar a instrumentação que, não há muito, Dave Douglas reuniu em “Mountain Passages” ou, há um pouco mais, e também excluindo o trompete, Arthur Blythe acomodou em “Metamorphosis”, que dos dois se irá aproximar. Até porque, acre e doce e obtusa e aguda e venenosa e sadia, esta é uma música imune ao cinismo. Simplesmente é.

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