11 de agosto de 2018

An Easy Introduction To Bossa Nova: Top 20 Albums (New Continent, 2018)


Há uns anos, debatendo-se com a necessidade de agradar a gregos e a troianos na elaboração de “Bossa Nova e Outras Bossas – A Arte e o Design das Capas dos LPs”, Caetano Rodrigues e Charles Gavin decidiram bater à porta do escritor Ruy Castro. Farto do tema até à raiz dos cabelos, o autor de “Chega de Saudade – A História e as Histórias da Bossa Nova” despertou o guru da algoritmia que havia em si, virou-se para eles e disse-lhes: “Incluam no vosso livro todos os discos que encontrarem com bossa nova no título, cubram o período até aos anos 70 e dividam-no por categorias, como cantores e cantoras, pioneiros, música instrumental e bossa nova internacional.” Isto é, saiu-se com uma anabrótica saraivada de anacronismos. Não se deixando abater, Caetano e Charles esquadrinharam lojas de usados até que um deles gritou: “Achei!”. Referia-se a “Bossa é Bossa”, de A Turma da Bossa, o primeiro disco com ‘bossa’ no título. Infelizmente tratava-se de um single, o que não ia de encontro ao pretendido. Pois, infrinjam-se as regras: não se nega um momento eureka

Com semelhante soltura doutrinal, e prosseguindo, grosso modo, de acordo com os conselhos de Ruy Castro, eis uma “An Easy Introduction to Bossa Nova: Top 20 Albums” que nem os tais 20 álbuns tem. Afinal, tanto quanto os três primeiros de João Gilberto que tiraram as medidas ao género (aqui incluídos), não se podem considerar álbuns, per se, as compilações consagradas às canções de Jobim e de Vinicius (esta, então, traz o pré-histórico monólogo de “Orfeu da Conceição”, de 1956, andava ainda João em experiências anacâmpticas numa casa-de-banho de Diamantina – e, nessa perspetiva, o encontro de Laurindo Almeida com Bud Shank, em “Brazilliance”, é quase antediluviano). Nem se pode dizer que os discos de Moacyr Silva com Elizete Cardoso (os dois volumes de “Sax Voz”) sejam feitos do mesmo barro da bossa. Além de que a caixa abrange ainda álbuns de Stan Getz, Zoot Sims, Coleman Hawkins, Quincy Jones e Dizzy Gillespie que, lá está, levam as regras ao limite. Mas não importa: isto foi uma descoberta demasiado importante.

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