A história é contada por Egon, responsável pela Now-Again, e, além de relembrar o atávico instinto predatório escrupulosamente transmitido entre coleccionadores de discos, dirige-se indirectamente à perniciosa natureza de blogues consagrados à eufemística ‘partilha de ficheiros’: encontrando o contacto de Rikki Ililonga, fundador dos pioneiros Musi-o-Tunya (também de Paul Ngozi), consigo trocou correspondência com o fim de recolher informações sobre o zam-rock, sua propriedade e acessibilidade; Ililonga conduziu-o a Keith Kabwe e Isaac Mpofu, cantor e guitarrista dos Amanaz e detentores dos direitos sobre as obras pelo grupo gravadas, e em meia dúzia de linhas se provou a ilegitimidade da reedição em LP de “Africa” (1975) pela alemã Shadoks (braço esotérico da QDK). Talvez motivado pelo absurdo de ver espoliados por cidadãos de países ricos aqueles que a estagnação económica de um país pobre levou a uma vida longe da música, Egon intermediou as negociações que garantiram legalidade ao seu relançamento – de igual sorte não gozaram ainda Ngozi Family ou Chrissy Zebby Tembo –, permitindo a celebração de um estilo que, resumindo, ressaca num amanhã irremediavelmente perdido os excessos cometidos na véspera por Cream, Can, Who ou Hendrix.
Sem comentários:
Enviar um comentário