Talvez
só os Sly and the Family Stone de “There’s A Riot Going On” ou os Funkadelic de
“Maggot Brain” o tenham, em 71, feito tão bem. E também, aí e então, ora no
sudeste asiático, ora à porta de casa, era de guerra que se falava. Porque é
certo que poucos como os nigerianos Funkees, num período de iminente e eclético
pedantismo estético, conseguiram refundar o rock enquanto ideia da música negra
e não apenas como símbolo. E, evitando um emprego paliativo dos seus princípios,
dessa forma restaurar um orgulho cultural em ruínas. Deu-se
porventura o caso do grupo – de origem Igbo, a etnia derrotada no Biafra, em
cujo conflito os seus membros participaram animando as tropas secessionistas – ter
encontrado num paradigma universal traços específicos da sua identidade. O que fica
claro na audição do single “Slippin’ into
Darkness/Breakthrough”, de 73, no qual, através de versões africanizadas dos
temas dos War e dos Atomic Rooster (em que, respectivamente, se fala de um
mergulho na escuridão e da incapacidade de se escapar a uma prisão invisível),
se associa a um interposto estado de espírito para denunciar a sua própria
condição. Da mesma maneira, em ‘Dancing Time’ ou ‘Ogbu Achara’, recorre ao afrobeat para o tornar num organismo
mutante. Tudo isto é patenteado nesta inexacta antologia (a cronologia do
subtítulo está equivocada e sai igualmente frustrada a ambição escrita na
contracapa de coligir todos os singles
da banda) que tem como prato forte a inclusão quase integral de “Point Of No
Return”, álbum gravado em Londres, em 75, quando agentes musicais como John
Peel viam nos Funkees uns novos Osibisa ou Cymande. Debalde, Jake Sollo sairia em
76 precipitando o seu fim e só Harry Mosco, falecido este ano, manteria uma
carreira proeminente. Mas entre 71 e 77 foram seminais.
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