Por
sugestão da editora não cessam na imprensa internacional comparações entre os
tanzanianos Jagwa Music e os congoleses Konono Nº1, embora raramente se
ressalve tal afinidade enquanto meramente procedimental. Nesse particular, já
agora, revelar-se-ia de maior acutilância a evocação dessoutros desalinhados de
Kinshasa, os Classic Swédé Swédé, revelados ao mundo pela mão da mesmíssima
Crammed no longínquo 1991, então responsáveis por uma efémera aceleração
rítmica com audaz enfoque percussivo e, também como neste caso, dispensa da
guitarra elétrica e homóloga petulância lírica, não obstante num enquadramento
responsorial daqui ausente. Isto porque, de facto, não seria a primeira vez que
se estabeleceria um diálogo crucial entre agentes destes dois contíguos países
que apenas por desatenção geográfica se alinha em exclusivo com dogmas da
áfrica oriental ou ocidental. Bastará relembrar a produção em Dar Es Salaam nas
décadas de 60 e 70 (de Nuta Jazz, Mlimani Park, Maquis Original, Vijana Jazz ou
Dar International)
para identificar uma realidade que em tudo o comprova, tal como testemunha a série
“Zanzibara” que Werner Graebner organiza para a Buda. É Graebner, aliás, um
académico alemão com presença fulcral na capital artística da Tanzânia, que
apresenta estes Jagwa Music, praticantes de uma tendência (a mchiriku) já identificada em finais dos
anos 90 (com ascendência na tradição ngoma
da tribo zaramo), mas que, presumivelmente, se concentra agora numa tumultuosa
manifestação de rua que combina megafones, tambores e, enquanto exclusivo
instrumento harmónico, um órgão Casio de meados de 80 ao serviço de histórias
de inveja, injustiça e insolência narradas por um atlético cantor algures entre
Remmy Ongala e os menos soporíferos MCs de hip hop local que em 2004 a Out Here
reuniu em “Bongo Flava”.
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