Peter Brötzmann & Steve Noble, ZDB, por Vera Marmelo
Mais ambicioso no projeto do que no
programa, dar-se-á hoje por encerrado, na Maia, o Jazz no Parque Central. Aliás,
quando ao palco subirem BounceLab, do guitarrista Mané Fernandes, pelas 18h, e
The Jazz Refugees, do cantor Kiko Pereira, pelas 21h30, poderá um cético ter
por certo que tão hipocorístico cartaz mais não fará que disputar tão audaz
designação. Mas a verdade é que se trata de gente com perfeita consciência da
capacidade do jazz em comunicar com o mundo a partir da periferia, pelo que o perfume
do cosmopolitismo assomará às suburbanas sacadas que cercam o relvado.Quem deu
com o jazz nas franjas da sua sensibilidade foi o malogrado Bernardo Sassetti,
a que se dedicará o concerto de amanhã às 21h30, na Casa da Música, no Porto, pelas
mãos do vicarial João Paulo Esteves da Silva e da vigorosa Orquestra Jazz de
Matosinhos.Ainda a norte, na próxima sexta, às 21h30, refira-se a presença de Peter
Brötzmann e Steve Noble no Teatro Municipal da Guarda. Já de hoje a oito, pelas
22h30, o duo tocará em Braga, no GNRation, na ponta final de uma digressão de
três datas nacionais que terá início em Lisboa, na quinta, dia 2, com uma apresentação
na ZDB à hora do costume. Só nervo, aquando da última passagem do saxofonista e
do baterista por Portugal, em outubro, ouviu-se ‘Lonely Woman’, de Ornette
Coleman, e vinha à ideia o corpo de uma lagartixa cortado ao meio, com a parte
do rabo a mexer mesmo após ter sido separada da parte da cabeça.
Fortuita, é
uma imagem que não deverá estar ausente da reunião marcada para o Grande
Auditório da Culturgest, hoje, às 21h30, entre o ‘novo trio’ de Mário Laginha (com
Bernardo Moreira ao contrabaixo e Miguel Amaral na guitarra portuguesa) e o norte-americano
Dave Liebman, na capital para o encontro anual da Associação Internacional de
Escolas de Jazz (consulte-se a agenda do Hot Clube).Em matéria de construção de
vernáculo a partir da desintegração da linguagem formal, outro destaque, em
Lisboa, recai sobre o arranque do Jazz im Goethe-Garten (prossegue até dia 16),
com a atuação de Albatre (Gonçalo Almeida, Hugo Costa e Philipp Ernsting),
vindo da Holanda e a guiar estilos ao matadouro, na quarta, dia 1, às 19h, e do
trio Jean Louis (Joachim Florent, Francesco Pastacaldi e Aymeric Avice), mais
charmoso, dia 2, à mesma hora.
Nas ilhas: atenção ao Funchal Jazz, que ao longo
da semana animará os jacarandás da Avenida Arriaga com combos do Conservatório
– Escola Profissional das Artes da Madeira e que, no Parque de Santa Catarina,
quinta, sexta e sábado, acolhe o quinteto de André Fernandes (dia 2, às 21h30),
os quartetos de Joe Lovano (também na quinta, às 23h) e de Miguel Zenón (dia 3,
pelas 21h30), o quinteto de Kurt Elling em versão ‘festival da canção’ (sexta, às
23h), o trio de Christian McBride (sábado, 4, às 21h30) e o E-Collective, de
Terence Blanchard (sábado, às 23h); em Ponta Delgada, sexta, às 21h30, José
James cantará Billie Holiday no Teatro Micaelense transformando o amador na
coisa amada.