18 de maio de 2019

Style & Fashion: A-Class Topnotch Hi Fi Sounds In Fine Style (Soul Jazz, 2019)

Já David Bowie avisava: “There's a brand new dance/ But I don't know its name/ That people from bad homes/ Do again and again/ It's big and it's bland/ Full of tension and fear/ They do it over there/ But we don't do it here”. Estávamos em 1980, a canção chamava-se ‘Fashion’, e, nesse mesmo ano, com a mesmíssima designação, Chris Lane e John MacGillivray fundaram uma editora que se dedicaria a desmascarar o quanto havia de serôdio nos seus versos. “Em vez de imitar tudo o que vinha da Jamaica tentámos incorporar nesta música a experiência dos miúdos de cor britânicos – as histórias que nos contavam pareciam únicas e intransmissíveis, eram relatadas nos seus próprios termos, no seu próprio tempo, mas não deixavam de ser histórias londrinas”, dizem, agora, em notas de apresentação. Ou seja, contrariamente ao que faziam Island, Trojan, Pama, Frontline ou Greensleeves, a Fashion não dependeria de contratações estrangeiras para fazer soar os alarmes da classe média no Reino Unido: os expoentes do seu catálogo – como General Levy, Papa Face, Smiley Culture, Asher Senator, Laurel & Hardy – eram ingleses de primeira geração.

Aliás, tendo em conta esta lista de nomes, na compilação dá-se pela falta de Smiley Culture – logo dele, cuja história de vida dá mostras de envolver alguma verdade importante sobre este tipo de questões (veio a falecer após uma rusga policial de que resultaram ferimentos graves, em 2011, 27 anos depois da Fashion ter lançado o seu ‘Police Officer’). Já a ausência de nomes consagrados que chegavam da Jamaica e que a editora viria a gravar – Carlton Manning, Alton Ellis, Al Campbell, Horace Andy, Johnnie Clarke, Junior Delgado – se explicará à luz dessa narrativa nativista. Principalmente noutro ponto que a Soul Jazz pretende transmitir: que, graças aos seus singles de ragga e dancehall, a Fashion se provou determinante na cena musical britânica por apanhar boleia do jungle em movimento ascendente – ilustram-no na perfeição os temas de General Levy, Cutty Ranks, Poison Chang, Papa Face e Top Cat aqui incluídos. Mas esse é o fim desta história – o início deu-se com ‘Let’s Dub it Up’, de Dee Sharp, em 1980, e com o embalo daquela onda de mel do lovers rock (também com Carlton Lewis e Keith Douglas) que não mais parou de se espraiar.

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