No Gana, em Acra, milita ainda
adolescente nos Blues Monks, de Ebo Taylor, ou nos Pagadeja, de Ray Allen, mas
foi enquanto Kiki Djan que ganhou notoriedade, quando, por entre o expatriado
grémio de ganeses e caribenhos reunidos em Londres nos Osibisa, subia ao palco
do “Top of the Pops” e se sentava ao teclado para animar pálidas britânicas
como se fosse o Stevie Wonder. E ouvindo-se os três álbuns que gravou com a
banda encontram-se as sementes – ‘Kangaroo’ em “Osibirock” (1974), ‘Do It (Like
It Is)’ em “Welcome Home” (1975) ou ‘Dance the Body Music’ em “Ojah Awake”
(1976) – para tão luxuriante produção em nome próprio. Mas é no contexto
específico do disco sound tardio, quando
o edifício estético em que o género assentava havia já recebido o aviso de
demolição mas nas tabelas europeias pupulavam ainda Gonzalez, Skyy, Voyage,
Odyssey, Kano, Imagination ou Ottawan, que se compreende o essencial desta colossal
manobra de hedonismo. E, nos últimos anos, apenas em “Brand New Wayo: Funk,
Fast Times & Nigerian Boogie Badness 1979-1983” se ouviram com o mesmo grau
de emoção tantas coisas ridículas (uma eternidade de falsetes cantados como
quem exala hélio, violinos tocados com o repentismo da dança rítmica e baixos a
ronronar como gatos pançudos). Com mote no máxi
“24 Hours in a Disco”, que, em 1979, a Bronze lançou como banda-sonora para
bacanais em boates, incluem-se aqui temas de “Feeling So Good” ou do apropriadamente
propulsivo “Disco Train”, editados já na Nigéria, onde namorava uma filha de
Fela Kuti, tocava com Jake Sollo e chutava e inalava com toda a gente. Produziu
mais um par de discos mas definhou, passando por clínicas de desintoxicação e
acabando nas ruas a contar histórias de grandeza e desilusão por uns trocos. Faleceu
em junho de 2004, emaciado pela sida, sem uma grama daquilo que mais pôs na
música: gordura e alegria.
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