19 de janeiro de 2013

Kiki Gyan “24 Hours in a Disco: 1978-82” (Soundway, 2012)



No Gana, em Acra, milita ainda adolescente nos Blues Monks, de Ebo Taylor, ou nos Pagadeja, de Ray Allen, mas foi enquanto Kiki Djan que ganhou notoriedade, quando, por entre o expatriado grémio de ganeses e caribenhos reunidos em Londres nos Osibisa, subia ao palco do “Top of the Pops” e se sentava ao teclado para animar pálidas britânicas como se fosse o Stevie Wonder. E ouvindo-se os três álbuns que gravou com a banda encontram-se as sementes – ‘Kangaroo’ em “Osibirock” (1974), ‘Do It (Like It Is)’ em “Welcome Home” (1975) ou ‘Dance the Body Music’ em “Ojah Awake” (1976) – para tão luxuriante produção em nome próprio. Mas é no contexto específico do disco sound tardio, quando o edifício estético em que o género assentava havia já recebido o aviso de demolição mas nas tabelas europeias pupulavam ainda Gonzalez, Skyy, Voyage, Odyssey, Kano, Imagination ou Ottawan, que se compreende o essencial desta colossal manobra de hedonismo. E, nos últimos anos, apenas em “Brand New Wayo: Funk, Fast Times & Nigerian Boogie Badness 1979-1983” se ouviram com o mesmo grau de emoção tantas coisas ridículas (uma eternidade de falsetes cantados como quem exala hélio, violinos tocados com o repentismo da dança rítmica e baixos a ronronar como gatos pançudos). Com mote no máxi “24 Hours in a Disco”, que, em 1979, a Bronze lançou como banda-sonora para bacanais em boates, incluem-se aqui temas de “Feeling So Good” ou do apropriadamente propulsivo “Disco Train”, editados já na Nigéria, onde namorava uma filha de Fela Kuti, tocava com Jake Sollo e chutava e inalava com toda a gente. Produziu mais um par de discos mas definhou, passando por clínicas de desintoxicação e acabando nas ruas a contar histórias de grandeza e desilusão por uns trocos. Faleceu em junho de 2004, emaciado pela sida, sem uma grama daquilo que mais pôs na música: gordura e alegria.

Sem comentários:

Enviar um comentário