28 de novembro de 2015

“Coxsone’s Music” (Soul Jazz, 2015)



No que diz respeito à narrativa Studio One, depois dos muitos que deu já em frente, dir-se-ia que a Soul Jazz dá agora o proverbialmente necessário passo atrás. Aliás, mal surgiu o anúncio desta antologia foi num não menos popular rifão de Marcus Garvey que se pensou: “Um povo que não conhece a sua história e não valoriza o seu passado é como uma árvore sem raízes.” Ou seja, no plano de lançamentos da editora britânica, “Coxsone’s Music” pode ter chegado após aquela inaugural sequência de ações perfeitamente descrita em “Studio One Jump Up: The Birth of a Sound, Jump Up Jamaican R&B, Jazz and Early Ska”, de fevereiro último, mas os acontecimentos que vem relatar são os que imediatamente a precederam. Daí o seu rigoroso subtítulo: “The First Recordings of Sir Coxsone The Downbeat 1960-62”, quando se sabe que Clement “Sir Coxsone” Dodd só em 1963 fundou o estúdio e editora Studio One. Esperar-se-ia, apenas, que a prosa sobre os materiais aqui reunidos fosse mais coalescente com a dos factos que culminaram na independência da Jamaica, promulgada precisamente a 6 de agosto de 1962 – assunto de todo ausente das notas de apresentação que compõem parte significativa das 28 páginas do livreto. Pois aquilo que cantavam Clancy Eccles em ‘Freedom’ ou Basil Gabbidon em ‘Independent Blues’ ganharia assim densidade dramática, para não falar da acuidade de que, nesse contexto, se revestiriam as bíblicas ruminações de Jiving Juniors em ‘Over the River’ ou, novamente, de Eccles em ‘River Jordan’. Porque Coxsone mais não fez que conduzir a música jamaicana a um terreno fértil em milagres.

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