28 de novembro de 2015

Kenny Barron “At the Piano” (Xanadu/Elemental, 2015)



Após uma salva inicial de meia dúzia de títulos, a campanha de reedições do catálogo da Xanadu começada no verão passado pela Elemental é agora enriquecida com novas referências: “Skate Board Park”, de Joe Farrell, sem a esperada reprodução da capa original, “Feelin’s”, de Teddy Edwards, de modo imprevisto, já que sempre se supôs tratar-se de um ativo da Muse, e, sem acidentes de percurso, este “At the Piano”. O disco, de certa forma, era um ás que Don Schlitten tinha na manga. Conforme escrevia nas suas notas de apresentação: “A 2 de abril de 1973 produzi um álbum de Kenny Barron, que, mais tarde, batizámos como ‘Sunset to Dawn’ [precisamente para a Muse, que dirigia com Joe Fields]. Foi ao longo da gravação de ‘A Flower’, [tema] com a delicadeza e o requinte que o seu nome indica, que decidi que viria um dia a produzir um disco inteiro de piano solo [seu].” Isto, porque, presume-se, da sessão, ‘A Flower’ era o único registo em que o pianista ou não recorria ao quarteto que o acompanhava ou dispensava o piano elétrico. Com resultados invariavelmente superlativos, Barron continuou na Muse, mas só quando Schlitten o pôde acolher na sua nova editora, em 1981, se estreou, então, num formato que se lhe diria assentar como uma luva, embora, para os padrões da época, não deixasse de parecer anacrónico. Em boa hora o fez, claro. À sombra de Tatum, Powell ou Monk, (quase) todo de um deslumbre sem ostentação, intricado sem chegar a ser incoerente, mais notável pela elegância das suas linhas do que pelo que põe em relevo, é um marco na sua carreira e, quiçá, na vida de quem o escuta.

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