14 de novembro de 2015

E. T. Mensah & The Tempos “King of Highlife Anthology” (RetroAfric, 2015)



Naquela que fica para a história como a mais ambiciosa coleção fonográfica jamais consagrada ao compositor e multi-instrumentista ganês Emmanuel Tettey Mensah (1919-1996), “King of Highlife Anthology” reúne 69 miniaturais temas ao longo de cerca de 200 monumentais minutos. Ou seja, não só inclui integralmente os conteúdos que entre meados de oitenta e inícios de noventa a própria RetroAfric coligiu num par de compilações já de si essenciais, como significativamente os expande, conferindo, até, um sentido superior àquilo que, noutro contexto, dificilmente ultrapassaria o estatuto que por norma se concede às curiosidades. Presume-se, então, que não ficou 78 rotações por minuto por virar no arquivo sonoro da Biblioteca Nacional do Reino Unido. O que, no escopo de uma carreira que se estendeu à era do LP, é o mesmo que dizer que o retrato que por ora se proporciona não é inteiramente panorâmico. Para dar um exemplo do mundo do cinema, não se faz, agora, como se fez em “O Padrinho: Parte II”, que foi tanto prequela quanto sequela: isto é, do ponto em que a narrativa ficou, aqui só se anda para trás. E nada de substancial se perde por tal decisão, pois a produção de E. T. Mensah atingiu efetivamente o seu zénite nas décadas de 50 e 60, quando, em Acra, conquistar a liberdade e a felicidade com uma canção era como transferi-las para a vida de quem a cantava. Mas muito mais incorporou o trompetista no vernáculo: há calipsos e congas e sambas e suingues nestes discos, estilos de que aparentava reter unicamente o que lhe seria congenial, e sobre os quais edificou uma música nacional.

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