Decorrida uma década desde “GhanaSoundz”, articulam-se agora os elementos díspares nessa pioneira assemblagem. E
Marijata, Sweet Talks, K. Frimpong, Ebo Taylor ou Gyedu-Blay Ambolley não são mais
meros representantes no eBay de um país de horizontes esquadrinhados por
aventureiros em busca de obscuro vinil. Mas um tempo houve em que aparentaram
ser pouco mais do que isso – um quase nada que ganhava gratífica expressão na casa
das centenas de euros, inspirando ressentimento face a esses viajantes que
raramente se explicavam e que, quando o faziam, faziam-no mal. O colecionismo
era sinónimo de opressão e DJ voltavam do Gana como conspiradores a regressar
de ferinos conciliábulos – seguindo a sua atividade de perto, no entanto,
dir-se-ia que o maior dos seus pecados, tal o rombo no orçamento familiar,
seria não fazerem as respetivas mulheres partícipes das suas ações. Afirmar-se-ia
depois que a restauração de carreiras se dava por pressão do mercado, não pela
fantasia. Taylor e Ambolley, cúmplices nos Uhuru Dance Band ou Apagya Show
Band, com discos novos no ano passado, teriam algo a dizer a quem umas vezes
utiliza a lógica e outras a demagogia. E quando se disponibilizam as suas
obras-primas – “Conflict”, de 1980, e “Simigwa”, de 1975, excêntricas
bissetrizes no afrobeat e highlife – prova-se que, quanto muito, foram
culpados do que ninguém poderá levar a mal: acreditar que uma só vez se produziria
a exploração do homem pelo homem.
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