As coisas iam bem encaminhadas, há dez anos, quando Hugo Mendez organizou “Tumbélé! Biguine, Afro & Latin Sounds From the French Caribbean, 1963-74” (Soundway, 2009) e “Sofrito: Tropical Discotheque” (Strut, 2011). Mas a verdade é que, desde então, se tem insistido numa lógica – de mercado, precisamente – que não permite perceber com clareza uma certeza elementar na música antilhana: a de que, contrariamente ao que o zouk formulou, aí, juntando duas ou mais parcelas não se obtém um plural aritmético mas, sim, uma sucessão de singularidades. Assim, na sua génese, de pouco adianta recordar o instante em que as orquestras haitianas seguiam a etiqueta das danças de salão, em que a Tropicana tocava chá-chá-chá em Pointe-à-Pitre ou em que os congoleses Ry-Co Jazz aportavam ao arquipélago: em Guadalupe, onde a Debs operava, a kadans correspondia a um bilhete de identidade. Talvez por isso se inicie este espantoso novo volume da série dedicada pela Strut ao selo de Henri Debs de modo tão emblemático, com ‘Moin Domi Dérhô’ (‘Eu Durmo lá Fora’, em crioulo), uma canção gravada pelos Super Combo depois de terem observado em primeira mão as condições de vida dos emigrantes guadalupinos nas ruas de Paris. Aliás, convém não esquecer que esta produção foi contemporânea à ação da UPLG (a União Popular pela Libertação de Guadalupe) e que não terá ficado imune a febres independentistas – o que explica a palavra “revolução”, no título.
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