21 de agosto de 2020

Hideto Sasaki, Toshiyuki Sekine Quartet + 1 “Stop Over” (BBE, re. 2020)

Prossegue a professoral “J Jazz Masterclass Series”, da BBE, com um título particularmente apropriado: “Stop Over” (Smile, 1976), à época lançado na órbita do Grupo de Estudos de Jazz Moderno da Universidade de Chuo, Tóquio, uma despretensiosa agremiação de desalinhados cuja principal motivação seria acender cigarros atrás de cigarros à medida que promovia a audição e discussão de álbuns importados pelos cafés da cidade equipados com gira-discos. Claro que também se dava o caso de o palco de um dos clubes de Shinjuku se transformar num portal para o Olimpo – o que foi mais ou menos o que sentiu o pianista Toshiyuki Sekine ao assistir a atuações de Hank Jones e Bill Evans. Mas, no fundo, em concerto ou sessões de escuta, nem tudo seria pão para agnósticos – imagine-se o que terá pensado Sekine ao ver Cedar Walton, um herói seu, não só a tocar no Pit Inn como também a ir a estúdio com Kimiko Kasai. De facto, abriam-se as comportas: em 1976, Johnny Griffin gravava “Live in Tokyo” (Philips), assim como Barry Harris, Jimmy Raney e Charles McPherson (Xanadu), enquanto o Teruo Nakamura de “Rising Sun” (Kitty) tinha a seu lado Steve Grossman ou Lonnie Smith e Terumasa Hino convocava luminárias como Mtume ou Cecil McBee para as sessões de “Hogiuta” (East Wind) – perante a concorrência, para apurar a forma, não admira que Sekine, Hideto Sasaki (trompete), Noriyasu Watanabe (saxofone), Kei Narita (contrabaixo) e Takashi Kurosaki (bateria), todos, ali, nos seus vinte e poucos, se tivessem enfiado num comboio-bala a caminho do nada e metido numa cabana. Testemunha desse estágio foi Akihiro Nakayama, responsável pelas notas de apresentação originais de “Stop Over”: “Adormecíamos e acordávamos a ouvir jazz, bebíamos e comíamos qualquer coisa, tomávamos banho, sempre a ouvir jazz, e até as nossas piadas já soavam a jazz – era jazz, 24 horas por dia”, foi como descreveu a temporada. Pareciam os Jazz Messengers, de tal modo engrenavam umas nas outras as rodas dentadas que imprimiam velocidade a versões de Walton, Dameron ou Hutcherson que, hoje, caem que nem ginjas – o LP devia ter-se chamado sakura!

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