Prossegue a professoral “J Jazz
Masterclass Series”, da BBE, com um título particularmente apropriado: “Stop
Over” (Smile, 1976), à época lançado na órbita do Grupo de Estudos de Jazz Moderno
da Universidade de Chuo, Tóquio, uma despretensiosa agremiação de desalinhados
cuja principal motivação seria acender cigarros atrás de cigarros à medida que promovia
a audição e discussão de álbuns importados pelos cafés da cidade equipados com
gira-discos. Claro que também se dava o caso de o palco de um dos clubes de
Shinjuku se transformar num portal para o Olimpo – o que foi mais ou menos o
que sentiu o pianista Toshiyuki Sekine ao assistir a atuações de Hank Jones e
Bill Evans. Mas, no fundo, em concerto ou sessões de escuta, nem tudo seria pão
para agnósticos – imagine-se o que terá pensado Sekine ao ver Cedar Walton, um herói
seu, não só a tocar no Pit Inn como também a ir a estúdio com Kimiko Kasai. De
facto, abriam-se as comportas: em 1976, Johnny Griffin gravava “Live in Tokyo”
(Philips), assim como Barry Harris, Jimmy Raney e Charles McPherson (Xanadu),
enquanto o Teruo Nakamura de “Rising Sun” (Kitty) tinha a seu lado Steve
Grossman ou Lonnie Smith e Terumasa Hino convocava luminárias como Mtume ou
Cecil McBee para as sessões de “Hogiuta” (East Wind) – perante a concorrência,
para apurar a forma, não admira que Sekine, Hideto Sasaki (trompete), Noriyasu
Watanabe (saxofone), Kei Narita (contrabaixo) e Takashi Kurosaki (bateria),
todos, ali, nos seus vinte e poucos, se tivessem enfiado num comboio-bala a
caminho do nada e metido numa cabana. Testemunha desse estágio foi Akihiro
Nakayama, responsável pelas notas de apresentação originais de “Stop Over”: “Adormecíamos
e acordávamos a ouvir jazz, bebíamos e comíamos qualquer coisa, tomávamos
banho, sempre a ouvir jazz, e até as nossas piadas já soavam a jazz – era jazz,
24 horas por dia”, foi como descreveu a temporada. Pareciam os Jazz Messengers,
de tal modo engrenavam umas nas outras as rodas dentadas que imprimiam velocidade
a versões de Walton, Dameron ou Hutcherson que, hoje, caem que nem ginjas – o
LP devia ter-se chamado sakura!
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