1 de agosto de 2020

Boillat Thérace Quintet "Boillat Thérace Quintet" & "My Greatest Love" (We Release Jazz, re. 2020)


Boillat Thérace Quintet – acantonado em Genebra, em meados de 70, não dirá grande coisa ao comum dos mortais. Mas eis que por intermédio de um complemento às presentes reedições – o duplo “Live 1974”, captado a 3 de julho de 1974 no Festival de Jazz de Montreux e agora lançado numa edição limitada a 100 unidades – implica que se atualizem as erratas dos manuais: não, neste universo, nesse mesmíssimo ano, nem só Art Ensemble of Chicago, Cecil Taylor, Flora Purim, Gil Evans, Mahavishnu Orchestra, Randy Weston, Roland Hanna e Soft Machine tiveram discos gravados ao vivo num palco provisório montado nas margens plácidas do Lemano. Mas um outro manto de glória lhe caiu sobre os ombros quando em maio de 1975 contou em estúdio com a presença de Benny Bailey, lenda viva das orquestras de McShann, Dizzy e Hampton e, à altura, sem precisar de pôr as notas a dar saltos mortais de uma oitava para a outra, primeiro trompete da insigne Clarke-Boland Big Band. Está em “My Greatest Love”, a tocar ‘Gibraltar’, de Hubbard, ou ‘Blue Bossa’, de Dorham, como se tivesse sido ele a gerar espontaneamente as relações hierárquicas da escala natural menor. De facto, o modalismo estava na moda – mas, para os membros do quinteto liderado por Jean-François Boillat (piano acústico e elétrico) e Raymond Thérace (flauta e saxofones) tão importante quanto isso seria ter a seu lado um protagonista de “Swiss Movement” (Atlantic, 1969). No homónimo, de 1974, entre originais e versões de Roland Kirk, Shorter, Jarrett ou Claude Engel (guitarrista de “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades”), o quinteto ensaiou algo de semelhante, já a apontar para o insólito: um jazz helvético sem presunção de neutralidade e, como se confirmaria um ano depois, a pôr as fichas todas no amor. Não tornou a gravar.

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