Tinha havido Giovanni Florio, claro,
um contemporâneo de Shakespeare que se definia como “an Englishman in Italiano”, mas, um século após a sua morte, ali, por
volta de 1725, e a propósito de Matteis, o memorialista Roger North dizia que,
nos seus círculos, “antes da chegada de Nicola”, não se ouvia falar de
italianos. Quer isto dizer que, sim, a partir do momento que este virtuoso atravessou
o Canal, não se ouviu falar de outra coisa. De facto, lendo diaristas do
período, é como se, seguindo o seu exemplo, os músicos ingleses tivessem levantado
os olhos do chão, pousado as violas da gamba, esticado as pernas, alongado a
coluna e admirado o céu pela primeira vez. E não foram apenas os gambistas a
respirar de alívio: em 1680, quando Matteis publicou uma elegantíssima “Suíte para
Guitarra”, deu-se pelo acorde dissonante de uns bons milhares de alaúdes a
serem largados em simultâneo. Trata-se de uma das obras em destaque em “Il
Genio Inglese”, a par de uns notáveis “Ayres”, para violino – tão inovadores, por
sinal, que as plateias londrinas, ao escutá-los, juravam haver mais violinistas
escondidos atrás do palco. Pelo menos, assim o desejavam – pouco depois, quando
seguir o contraponto de Corelli era o mesmo que ter aprendido a comer com faca
e garfo, a sociedade britânica estava já tão italianizada que os nobilíssimos James
Brydges, 1º Duque de Chandos, e William Capell, 3º Conde de Essex, davam guarida a Handel e a Geminiani. Na
sequência de “London Circa 1700”, dedicado a gente que parece trisavó desta,
como Purcell, é o instante que o La Rêveuse retrata em “London Circa 1720”, com
ponto alto num concerto para flauta de Babell, violinista de Jorge I, que se
diria vir do vale do Tibre, em vez do Tamisa. É mostrar os discos a Boris
Johnson, s.f.f..
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