25 de janeiro de 2014

Ed Motta “AOR” (Membran, 2013)


Em dezembro de 2012, dizia Ed Motta no Facebook: “Foi um ano de grande realização e superação. Gravei um disco em português/inglês – [com] letras de Adriana Calcanhotto, Rita Lee e outras feras – [que] vai sair na Europa primeiro. Quer dizer: fecho o ano sem saber se o disco vai ser lançado aqui [no Brasil]. As gravadoras cagaram e andaram. [Os] que [nele] participaram, perguntam: ‘Ed, cadê o disco?’ Não sei. Tomara que saia, porque a versão em português é minha favorita.” Meses depois, “AOR” – sigla para 'album' ou ‘adult oriented rock’ que, nos anos 90, por lojas de discos na Grande Lisboa, inspirada pela aparência dos seus consumidores, gerou a caracterização ‘rock orientado para adúlteros’ – seria distribuído no Brasil, e em comum com a versão agora disponível no mercado português, que não as letras, saídas, estas, da pena de Rob Gallagher, possui os arranjos e umas fotos a lembrar os Logins & Messina de “Full Sail” ou os Crosby, Stills & Nash de “CSN”, com Ed combinando figurinos de “Magnum, P.I.” e “Sonny” Crockett. Apesar do que afirmou o seu autor, porque é de fantasia que se trata, e ainda que, em ‘1978’ ou ‘Farmer’s Wife’, quando comparados aos homólogos em português, se iluda o confessionalismo nestes poemas, a verdade é que “AOR” soa melhor na sua edição ‘internacional’. Nem que seja pelo facto de a autobiografia musical de Ed ser superior à escrita. Dir-se-á que sofre de Síndrome de Estocolmo face a “Aja”, dos Steely Dan. Mas recordem-se as produções de Lincoln Olivetti, essencialmente entre 1977 e 1983, e confirme-se que, ao contrário do tolo de que falavam os Doobie Brothers, Ed não se “esforça por recriar/ o que estava ainda por ser criado”. Mas, citando Mário de Sá-Carneiro, o “AOR” ideal, esse, não é este nem é o outro, mas qualquer coisa de intermédio.

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