O mais provável seria que nas
editoras decrescesse o incentivo para relançar fisicamente material de arquivo
à medida que fosse ganhando tração a distribuição digital. Mas a verdade é que não
se extinguiu por inteiro o prestígio associado à propriedade. Arrancam-se assim
às profundezas dos catálogos os mais obscuros artefactos, o que, além de
edificação patrimonial, permite questionar o cânone. De uma assentada, é agora a ECM a devolver sete títulos aos escaparates: “Seven Songs for Quartet and
Chamber Orchestra” (1974), de Gary Burton, um homónimo ensaio do Miroslav
Vitous Group, de 1980, “Five Years Later” (1982), de John Abercrombie e Ralph
Towner, dois insólitos postulados de Keith Jarrett – o orquestral “Arbour Zena”
(1976) e o vicarial “Ritual” (1977) – e outro par de registos mais
recomendáveis. De “African Piano” (1973) transparece que não estava o seu autor
minimamente interessado em problematizar as suas origens; a sessão, a solo, perfumada
com um buquê de melodias, subordinava ao êxtase a experiência de existir e evocava
uma especificidade que iludia os seus ouvintes: a do jazz sul-africano. Já
“Contrasts” (1980) obedecia a uma construção mais complexa, com elementos
continuamente transfigurados por Rivers, George Lewis, Dave Holland e Thurman
Baker, e nada possuía de profético, pese embora só hoje se entender o que tinha
de puritano, rigoroso e terno.
Sem comentários:
Enviar um comentário