Kremerata Baltica, Gidon Kremer (vl, d)
Nem assim há tanto tempo quanto
isso – não estando o seu nome mais perto de figurar entre os guias de
referência – eram editoras como a Olympia que traziam ao ocidente as obras de Mieczyslaw Weinberg (1919-1996). Claro que, na altura – chamavam-lhe ainda Vainberg – se obedecia
ao impulso de retratar um mundo pós-soviético e, de certa maneira, a esta
música, como à de tantos, se pegava o bafio da ruína cultural. Desde então,
tendo a Neos iniciado uma Weinberg Edition, na qual postumamente se estreou a
ópera “Passazhirka”, e se destacado
uma integral de peças para piano por Allison Brewster Franzetti e outra de
opúsculos para violoncelo por Josef Feigelson, não é com estranheza que se
assinala já a gravação das sinfonias do compositor pela Naxos – ainda em janeiro se lançou a 12ª – ou a
reunião das suas “Complete Sonatas and Works for Violin & Piano” pela
Challenge. Ou seja, não falta muito para que o desclassifiquem por
incumprimento dos níveis mínimos de obscuridade os administradores do fórum
virtual “Unsung Composers”. Com isto a pergunta que se impõe é: está
Weinberg mais próximo de ser realmente compreendido? Talvez. E um disco como
este, que não repete a rotina de o subordinar a um discurso de impotência
artística – pese embora à biografia deste natural de Varsóvia, do pogrom de
Kishinev ao nazismo e ao estalinismo, se colar com facilidade o horror – só ajuda
a causa. Isto é, não será por tratar com pungência tudo aquilo que, aqui, dá
mostras de ter nascido para um eterno luto que deixará Kremer de sugerir o
impensável: que até na Rússia a vida continua.
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