Um nazareno da Galileia, de
ascendência árabe, que fala de fronteiras estará, seguramente, a aludir à
alienação da sua cidade natal do território palestiniano. Mas, na verdade, é a
outro tipo de divisões que se refere o benjamim dos Joubran na apresentação da
sua estreia a solo: “Mais do que conferir um título à minha música retrato um
período da minha vida em que me tentei colocar além-fronteiras: para lá daquilo
que temos mais facilidade em criar do que negar ou ultrapassar, entre o que
está feito e o que está ainda por fazer.” E conseguiu-o, ao que tudo indica,
através da ‘Via Verde’ da expressão artística, fusionando “culturas da música
clássica ocidental e oriental, incluindo indiana, e outras afetas ao jazz ou ao
flamenco.” Para tal, convocou o percussionista Prabhu Edouard (regular
colaborador de Nguyen Lê e convidado de Jordi Savall em “La ruta de oriente”),
o violoncelista Valentin Mussou (que dividiu crédito com o Trio Joubran na banda-sonora
do filme “O Último Voo”) ou o saxofonista e flautista espanhol Jorge Pardo (que
na sua vasta discografia possui, em “Ur”, ao lado de Nabil Khalidi, uma
aproximação ao que aqui, mais poeticamente, faz). Olhando para trás, lembrando
egrégios alaudistas, dir-se-ia uma fórmula familiar ao Rabih Abou-Khalil de
“Nafas”, ao Anouar Brahem de “Madar” ou, mais concretamente, ao Adel Salameh de
“Mediterraneo” e “The Arab Path to India”, não fosse a resistência ao vernáculo
que, muito paradoxalmente, encerra a música deste “Borders Behind”. E, nesses
momentos, enquanto desenraizada balada do exílio, é perfeitamente arrebatadora. [O Trio Joubran
toca quarta-feira, dia 9, pelas 21h, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian,
em Lisboa]
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