5 de abril de 2014

Adnan Joubran “Borders Behind” (World Village, 2014)



Um nazareno da Galileia, de ascendência árabe, que fala de fronteiras estará, seguramente, a aludir à alienação da sua cidade natal do território palestiniano. Mas, na verdade, é a outro tipo de divisões que se refere o benjamim dos Joubran na apresentação da sua estreia a solo: “Mais do que conferir um título à minha música retrato um período da minha vida em que me tentei colocar além-fronteiras: para lá daquilo que temos mais facilidade em criar do que negar ou ultrapassar, entre o que está feito e o que está ainda por fazer.” E conseguiu-o, ao que tudo indica, através da ‘Via Verde’ da expressão artística, fusionando “culturas da música clássica ocidental e oriental, incluindo indiana, e outras afetas ao jazz ou ao flamenco.” Para tal, convocou o percussionista Prabhu Edouard (regular colaborador de Nguyen Lê e convidado de Jordi Savall em “La ruta de oriente”), o violoncelista Valentin Mussou (que dividiu crédito com o Trio Joubran na banda-sonora do filme “O Último Voo”) ou o saxofonista e flautista espanhol Jorge Pardo (que na sua vasta discografia possui, em “Ur”, ao lado de Nabil Khalidi, uma aproximação ao que aqui, mais poeticamente, faz). Olhando para trás, lembrando egrégios alaudistas, dir-se-ia uma fórmula familiar ao Rabih Abou-Khalil de “Nafas”, ao Anouar Brahem de “Madar” ou, mais concretamente, ao Adel Salameh de “Mediterraneo” e “The Arab Path to India”, não fosse a resistência ao vernáculo que, muito paradoxalmente, encerra a música deste “Borders Behind”. E, nesses momentos, enquanto desenraizada balada do exílio, é perfeitamente arrebatadora. [O Trio Joubran toca quarta-feira, dia 9, pelas 21h, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa]

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