22 de junho de 2013

Craig Taborn Trio “Chants” (ECM, 2013)



Não se tendo propriamente tornado no pianista de serviço da casa, e para além de ter sido a editora alemã a apresentar a sua promoção a solista com “Avenging Angel”, em 2011, é certo que na última meia dúzia de anos Craig Taborn tem nutrido a proxémica visão que se associa à ECM através da sua participação em álbuns de David Torn, Roscoe Mitchell, Michael Formanek ou, já em 2013, Chris Potter. Trata-se de uma filiação tão adequada quão inesperada, porventura trazendo à memória o momento em que o destino discográfico de Marilyn Crispell se sediou na mesmíssima morada e, em particular neste “Chants”, levando a conjeturar acerca de um potencial ascendente de Keith Jarrett e Paul Bley sobre esta prática. De facto, constrangida por uma leitura avuncular, a estreia em disco de um trio que inclui Gerald Cleaver na bateria e Thomas Morgan no contrabaixo possuirá, em partes, algum do imperturbável esplendor arquitetural do primeiro e, noutras, uma pitada da flexibilidade rítmica a roçar a lassidão do segundo. Mas a verdade é que Taborn não é um estilista. Ainda que ao abrigo de uma ação editorial com jurisprudência quase exclusiva num terreno em que nem sempre se manobra com desembaraço – aquele em que ecletismo se converte em ecumenismo – e sob suspeitas de vir ministrar o dispositivo formal cantochanista que o título indicia, o que aqui se distingue é, ao invés, o desapego a qualquer contração idiomática. Mesmo quando, em ‘In Chant’, evoca a estafada sarabanda – ou ‘ária da quarta corda’ – da “Suíte para Orquestra nº3 em ré maior” de Bach, o seu propósito parece ser o de tornar acessível uma peculiar organização dos materiais na qual se privilegia tendencialmente a polirritmia e a variação tonal. É uma música de camadas, telúrica e tátil, e, muito provavelmente, não almeja a mais do que se perder por entre as estrelas.

Sem comentários:

Enviar um comentário