Não se
tendo propriamente tornado no pianista de serviço da casa, e para além de ter
sido a editora alemã a apresentar a sua promoção a solista com “Avenging
Angel”, em 2011, é certo que na última meia dúzia de anos Craig Taborn tem
nutrido a proxémica visão que se associa à ECM através da sua participação em
álbuns de David Torn, Roscoe Mitchell, Michael Formanek ou, já em 2013, Chris
Potter. Trata-se de uma filiação tão adequada quão inesperada, porventura
trazendo à memória o momento em que o destino discográfico de Marilyn Crispell
se sediou na mesmíssima morada e, em particular neste “Chants”, levando a
conjeturar acerca de um potencial ascendente de Keith Jarrett e Paul Bley sobre
esta prática. De facto, constrangida por uma leitura avuncular, a estreia em disco
de um trio que inclui Gerald Cleaver na bateria e Thomas Morgan no contrabaixo
possuirá, em partes, algum do imperturbável esplendor arquitetural do primeiro
e, noutras, uma pitada da flexibilidade rítmica a roçar a lassidão do segundo.
Mas a verdade é que Taborn não é um estilista. Ainda que ao abrigo de uma ação
editorial com jurisprudência quase exclusiva num terreno em que nem sempre se manobra
com desembaraço – aquele em que ecletismo se converte em ecumenismo – e sob
suspeitas de vir ministrar o dispositivo formal cantochanista que o título
indicia, o que aqui se distingue é, ao invés, o desapego a qualquer contração
idiomática. Mesmo quando, em ‘In Chant’, evoca a estafada sarabanda – ou ‘ária
da quarta corda’ – da “Suíte para Orquestra nº3 em ré maior” de Bach, o seu
propósito parece ser o de tornar acessível uma peculiar organização dos materiais
na qual se privilegia tendencialmente a polirritmia e a variação tonal. É uma
música de camadas, telúrica e tátil, e, muito provavelmente, não almeja a mais
do que se perder por entre as estrelas.
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