Foi há 20 anos que se estreou – primeiro
com um inexcedível homónimo e meses depois com o estelar “Wish” – e, desde
então, porventura pela associação do seu nome ao do genearca Dewey Redman ou,
talvez, pela complacência com que a crítica saúda os recém-chegados, Joshua tem
sido involuntariamente descrito como um radical da pior espécie: aquele que,
dissimulando-a sob o manto do ecletismo, oculta uma agenda conservadora. Nessa
perspetiva, alguns dos seus subsequentes registos, de “Timeless Tales” – com a
mesma formação de base aqui presente – a “Compass”, podem ser,
independentemente de repertoriarem ou não inéditos, entendidos como uma
sonegação à vanguarda, a cedência a uma metodologia de resultados comprovados
em detrimento do arrebatamento praticamente fisiológico pressentido na sua
execução inicial. O argumento é equívoco – embora o saxofonista não seja imune ao
contágio emocional da sua própria articulação. Porque, tal como este seu novo
álbum confirma, não é pela sua atávica relação com a essência estrutural de
qualquer género que poderá ser avaliado. Não há, aliás, melhor maneira de o
relembrar do que através de um ensaio estética e historicamente tido como
anacrónico, para não dizer culturalmente alienado: o do disco de saxofone,
secção rítmica e orquestra de cordas. E, logo pelo título, que evoca o famoso solilóquio
do Rei da Escócia (“A vida não é mais do que uma sombra errante (…). Uma
história (…) cheia de som e fúria que nada significa”, em “Macbeth”), dispensa
pretensões de originalidade. O que este ciclo narrativo demonstra – numa
circum-navegação estilística, com interlocutor crucial em Brad Mehldau, que
estabelece pontos de contacto entre Strayhorn, Shorter, Bach ou Beatles – é que
Redman só deve ser julgado pelo compromisso com o profundo idealismo subjacente
ao jazz. “Walking Shadows” não trata de outra coisa.
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