8 de junho de 2013

Joshua Redman “Walking Shadows” (Nonesuch, 2013)



Foi há 20 anos que se estreou – primeiro com um inexcedível homónimo e meses depois com o estelar “Wish” – e, desde então, porventura pela associação do seu nome ao do genearca Dewey Redman ou, talvez, pela complacência com que a crítica saúda os recém-chegados, Joshua tem sido involuntariamente descrito como um radical da pior espécie: aquele que, dissimulando-a sob o manto do ecletismo, oculta uma agenda conservadora. Nessa perspetiva, alguns dos seus subsequentes registos, de “Timeless Tales” – com a mesma formação de base aqui presente – a “Compass”, podem ser, independentemente de repertoriarem ou não inéditos, entendidos como uma sonegação à vanguarda, a cedência a uma metodologia de resultados comprovados em detrimento do arrebatamento praticamente fisiológico pressentido na sua execução inicial. O argumento é equívoco – embora o saxofonista não seja imune ao contágio emocional da sua própria articulação. Porque, tal como este seu novo álbum confirma, não é pela sua atávica relação com a essência estrutural de qualquer género que poderá ser avaliado. Não há, aliás, melhor maneira de o relembrar do que através de um ensaio estética e historicamente tido como anacrónico, para não dizer culturalmente alienado: o do disco de saxofone, secção rítmica e orquestra de cordas. E, logo pelo título, que evoca o famoso solilóquio do Rei da Escócia (“A vida não é mais do que uma sombra errante (…). Uma história (…) cheia de som e fúria que nada significa”, em “Macbeth”), dispensa pretensões de originalidade. O que este ciclo narrativo demonstra – numa circum-navegação estilística, com interlocutor crucial em Brad Mehldau, que estabelece pontos de contacto entre Strayhorn, Shorter, Bach ou Beatles – é que Redman só deve ser julgado pelo compromisso com o profundo idealismo subjacente ao jazz. “Walking Shadows” não trata de outra coisa.

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