Mais do
que em velocidades diferentes, a canonização no mundo do jazz dá-se em múltiplas
direções. Veja-se o caso do já incontornável Jon Irabagon: concluído o mestrado,
entra em circulação e acumula trabalho de sapa (tem um currículo bizarro,
ao serviço de Billy Joel, Renée Fleming, Lou Reed, Michael Bublé, Evan Parker ou
Wynton Marsalis – não vale a pena procurar outro documento em que figure esta
sequência de nomes) até que o triunfo na Thelonious Monk Saxophone Competition o
leva a gravar “The Observer”; depois, notabiliza-se enquanto o meteórico
saxofonista dos Mostly Other People Do the Killing (MOPDtK) – junto ao núcleo
de Peter Evans, Moppa Elliott e Kevin Shea – e lança, precisamente com Altschul
na bateria, esse petardo que se chamou “Foxy” (2010); já este ano, provou-se,
com Hêrnani Faustino e Gabriel Ferrandini, obcecado pela cognição em “Absolute
Zero”, ensaiou, com Dave Douglas, factos temporalmente dinâmicos em “Time
Travel” e, com os MOPDtK, revisitou o vernáculo do smooth jazz em “Slippery Rock!”. Ou seja, nenhum apriorismo
praxiológico servirá os seus detratores. Já quando se pensa em Barry Altschul
lembra-se o enérgico comentador de “The Song of Singing” (Corea), o paisagista
de “Ballads” (Paul Bley), o enigmático pontilhista de “Conference of the Birds”
(Holland) ou o multiculturalista de “‘Coon Bid’ness” (Hemphill), mas, apesar do
seu recente ressurgimento no FAB Trio, não se lhe atribui a importância de músicos
com metade da sua idade (completou 70 anos em janeiro) e um décimo da sua
experiência. “The 3Dom Factor”, que junta os dois ao sempre empático Joe Fonda
e reúne belos temas compostos pelo líder ao longo dos anos, implica uma
retroativa correção ao cânone. E, junto a “Zebulon” (Peter Evans), “Mirage” (Ellery
Eskelin) e “City of Asylum” (Eric Revis), é um dos cruciais discos em trio de
2013.
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