17 de agosto de 2013

Barry Altschul “The 3Dom Factor” (TUM, 2013)



Mais do que em velocidades diferentes, a canonização no mundo do jazz dá-se em múltiplas direções. Veja-se o caso do já incontornável Jon Irabagon: concluído o mestrado, entra em circulação e acumula trabalho de sapa (tem um currículo bizarro, ao serviço de Billy Joel, Renée Fleming, Lou Reed, Michael Bublé, Evan Parker ou Wynton Marsalis – não vale a pena procurar outro documento em que figure esta sequência de nomes) até que o triunfo na Thelonious Monk Saxophone Competition o leva a gravar “The Observer”; depois, notabiliza-se enquanto o meteórico saxofonista dos Mostly Other People Do the Killing (MOPDtK) – junto ao núcleo de Peter Evans, Moppa Elliott e Kevin Shea – e lança, precisamente com Altschul na bateria, esse petardo que se chamou “Foxy” (2010); já este ano, provou-se, com Hêrnani Faustino e Gabriel Ferrandini, obcecado pela cognição em “Absolute Zero”, ensaiou, com Dave Douglas, factos temporalmente dinâmicos em “Time Travel” e, com os MOPDtK, revisitou o vernáculo do smooth jazz em “Slippery Rock!”. Ou seja, nenhum apriorismo praxiológico servirá os seus detratores. Já quando se pensa em Barry Altschul lembra-se o enérgico comentador de “The Song of Singing” (Corea), o paisagista de “Ballads” (Paul Bley), o enigmático pontilhista de “Conference of the Birds” (Holland) ou o multiculturalista de “‘Coon Bid’ness” (Hemphill), mas, apesar do seu recente ressurgimento no FAB Trio, não se lhe atribui a importância de músicos com metade da sua idade (completou 70 anos em janeiro) e um décimo da sua experiência. “The 3Dom Factor”, que junta os dois ao sempre empático Joe Fonda e reúne belos temas compostos pelo líder ao longo dos anos, implica uma retroativa correção ao cânone. E, junto a “Zebulon” (Peter Evans), “Mirage” (Ellery Eskelin) e “City of Asylum” (Eric Revis), é um dos cruciais discos em trio de 2013.

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