Dir-se-ia que no melhor pano cai a
nódoa, e antecipar-se-ia a diligência futura de estudos epigráficos, caso se
sublinhasse agora que o inquebrantável exercício na arte da síncope levado a
cabo pelos African Brothers em ‘Wope Me A Ka’, por ironia do destino aqui incluído
em versão levemente truncada, viu a luz do dia em 1973. Mas a verdade é que não
será a falta de precisão – muito menos num subtítulo – a impedir que se
reconheça nesta antologia o mais edificante gesto em prol da música popular
ganesa dos anos 70 e 80 desde que, em 2002, a Soundway lançou “Ghana Soundz”.
Porque nem o segundo volume dessa inspirada coleção, levado ao prelo em 2004, nem
o primeiro desta, que em 2010 ficou aquém da excelência, nem “Ghana Special”
(Soundway, 2009) ou “Ghana Funk” (Hippo, 2009), representaram tão bem um
carácter que, com redundância, em entrevista reproduzida no inexcedível livreto
que acompanha esta edição, Nana Kwame Ampadu – líder dos African Brothers,
precisamente – assim sintetizou: “Não se respeitava um músico [no Gana] se ele
não fosse extraordinariamente único”. Que esse cunho tivesse origem na precoce
condição independente do país era uma coisa. Aliás, até para que, desse modo,
se lhes transcendessem as fronteiras, esperar-se-ia que se colocassem em elenco
singulares características étnicas e linguísticas nas manifestações artísticas
do período – de fértil advocação do pan-africanismo. Mas que a pletora de
soluções jubilatórias de que se revestiu a posterior ação de K. Frimpong,
Vis-à-Vis, Cutlass Band, Waza-Afriko, Tony Sarfo ou Gyedu Blay-Ambolley se
emancipasse até das mais sedutoras e prevalentes modas internacionais – funk, soul, jazz-rock – já dá que
pensar. Para que coalescesse o que a insensatez do Homem originalmente dispersou
vieram estas canções ao mundo. Era tempo de não o desperdiçar de vez.
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