5 de outubro de 2013

Etran Finatawa “The Sahara Sessions” (Riverboat, 2013) & Alhousseini Anivolla “Anewal/The Walking Man” (Riverboat, 2012)



 
Eram oito, quando, em “Introducing…”, assomaram a uma duna aparentando avistar do Mar Vermelho ao Atlântico; volvidos dois anos, em 2008, quedavam-se desfalcados de um par de elementos em “Desert Crossroads”; em 2010 resistiam cinco sujeitos na capa de “Tarkat Tajje”. E mal se deu por tão evidente subtração. Mas agora são quatro os membros do grupo nigerense Etran Finatawa. E, se não fosse tão óbvio que do inverso se trata, dir-se-iam aos poucos engolfados pelas areias do Sahel. Porque, num gesto análogo ao ensaiado pelos Tinariwen em “Tassili”, este “Sahara Sessions”, gravado em tendas montadas num camarção, contém uma crucial advertência: a de que dificilmente se acha hoje lugar no deserto para aqueles que aí sempre estiveram como em casa. Nómadas tuaregues e wodaabe, os Etran Finatawa cantam a tristeza de ter o homem conseguido o que a natureza jamais alcançou. Num terreno dominado por insurgentes islamitas – oriundos do nordeste maliano mas também provenientes da Líbia, Argélia e Chade –, em que se projetam raptos, atentados a multinacionaise assaltos a reservas de urânio, fala a banda – e, em “Anewal”, a solo, um dos seus militantes – do maior dos paradoxos e da manutenção da mais desolada esperança: encontrará refúgio na sua terra quem nunca se considerou de país algum? E, voltará a partir ao sabor do vento esta caravana que tudo vislumbra onde outros nada veem?

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