Eram oito, quando, em “Introducing…”,
assomaram a uma duna aparentando avistar do Mar Vermelho ao Atlântico; volvidos
dois anos, em 2008, quedavam-se desfalcados de um par de elementos em “Desert
Crossroads”; em 2010 resistiam cinco sujeitos na capa de “Tarkat Tajje”. E mal se
deu por tão evidente subtração. Mas agora são quatro os membros do grupo
nigerense Etran Finatawa. E, se não fosse tão óbvio que do inverso se trata, dir-se-iam
aos poucos engolfados pelas areias do Sahel. Porque, num gesto análogo ao ensaiado
pelos Tinariwen em “Tassili”, este “Sahara Sessions”, gravado em tendas
montadas num camarção, contém uma crucial advertência: a de que dificilmente se
acha hoje lugar no deserto para aqueles que aí sempre estiveram como em casa. Nómadas
tuaregues e wodaabe, os Etran Finatawa cantam a tristeza de ter o homem
conseguido o que a natureza jamais alcançou. Num terreno dominado por
insurgentes islamitas – oriundos do nordeste maliano mas também provenientes da
Líbia, Argélia e Chade –, em que se projetam raptos, atentados a multinacionaise assaltos a reservas de urânio, fala a banda – e, em “Anewal”, a solo, um dos
seus militantes – do maior dos paradoxos e da manutenção da mais desolada
esperança: encontrará refúgio na sua terra quem nunca se considerou de país algum?
E, voltará a partir ao sabor do vento esta caravana que tudo vislumbra onde
outros nada veem?
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