Surge inchado por esmero concetual,
este “Rebento”. Afinal, sucede na discografia do RED Trio o seu sacramento a
essoutro que se traduziria por caule – “Stem”, lançado em 2012. Por isso, à primeira
vista, suspeita-se vir tratar de crescimento. Por outro lado, e apesar de
alguma ressonância verbal se incutir assim no título que os agrupa, já o batismo
dos seus constituintes contesta a presunção: ‘Carne’, ‘Para’, ‘Canhão’, nem
mais nem menos, três temas deste modo dispostos e designados, dois no Lado A do
LP, o último no Lado B, ainda que à versão digital do álbum, perturbando o
hexassílabo, se acrescente ‘Mono’, sinóptico registo de uma atuação no festival
Sines em Jazz em que se esculpe exemplarmente o extenso vocabulário do grupo.
Há nisto uma cedência a modas – ou, pelo menos, uma premeditação – que, na
realidade, não compromete para além da medida a experiência daquilo em que,
também, nada há de casual. Não sendo formalmente invulgares, as dinâmicas nesta
música possuem uma surpreendente expressividade; e, amiúde, testemunho de uma intrigante
inteligência rítmica que dispensa esquematismos, revelam-se aqui pontos de
convergência cuja narrativa é particularmente sedutora. Dir-se-ia que Rodrigo
(piano), Hernâni (contrabaixo) e Gabriel (bateria) – não obstante privilegiarem
gestos sutis – dramatizam continuamente as proporções do triângulo em que se organizam.
E, do claustrofóbico intimismo a uma profundidade tonal quase sinfónica, embora
invariavelmente nebulosa, instantes há em que se esfuma a categoria da
improvisação de que se socorrem – ou, lá está, em que essas táticas servem
apenas para que venha o trio noutro sítio qualquer a crescer, o tal rebento a
florescer.
Sem comentários:
Enviar um comentário