9 de novembro de 2013

Peter King “Miliki Sound” (Mr. Bongo, 2013) & Peter King “African Dialects” (Secret Stash, 2013)

 


Primeiro a febre latina, seguida pelo funk e, por fim, pelo jazz. E depois, com laivos de cientificismo, não importando já a ordem de trabalhos, recomeçar, em êxtase geométrico, desenhando oblíquas órbitas, traçando tangentes, até se verificar que a música popular africana de tudo isso tinha um pouco, ou vice-versa. Tem apontado nesse sentido o zelo daqueles que recalcitrantemente combatem as forças da hegemonia cultural. Basta relembrar a labuta do DJ inglês Russ Dewbury na Charly e BGP ou, em finais do século passado, a diligência com que organizou, para a Harmless, “Africa Funk” e, para a Strut, “Club Africa” – o par de antologias em que introduziu temas de Peter King. Volvidos quinze anos, dir-se-ia conjunta mas distantemente paroquial – uma em Brighton, outra em Lagos – a ação desses agentes que em tempos revelaram visão à escala planetária. Dewbury põe discos, King, recuperando de um AVC, mantém-se, na capital nigeriana, à frente da Peter King College of Music, mas continuam a abrilhantar compilações como quem deposita coroas de flores num túmulo ao soldado desconhecido. E agora, que se encontraram duas peças cruciais – “Miliki Sound”, de 1975, e “African Dialects”, de 1979 – para o puzzle do afrobeat, restabelece-se, apelando ao génio de instrumentistas como Dudu Pukwana, Eddie‘Tan Tan’ Thornton ou Bayo Martins, uma verdade que serve também à vida: nada é sequencial, tudo é simultâneo.

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