Primeiro a febre latina, seguida pelo
funk e, por fim, pelo jazz. E depois, com laivos de cientificismo, não
importando já a ordem de trabalhos, recomeçar, em êxtase geométrico, desenhando
oblíquas órbitas, traçando tangentes, até se verificar que a música popular
africana de tudo isso tinha um pouco, ou vice-versa. Tem apontado nesse sentido
o zelo daqueles que recalcitrantemente combatem as forças da hegemonia
cultural. Basta relembrar a labuta do DJ inglês Russ Dewbury na Charly e BGP
ou, em finais do século passado, a diligência com que organizou, para a
Harmless, “Africa Funk” e, para a Strut, “Club Africa” – o par de antologias em
que introduziu temas de Peter King. Volvidos quinze anos, dir-se-ia conjunta
mas distantemente paroquial – uma em Brighton, outra em Lagos – a ação desses
agentes que em tempos revelaram visão à escala planetária. Dewbury põe discos,
King, recuperando de um AVC, mantém-se, na capital nigeriana, à frente da Peter
King College of Music, mas continuam a abrilhantar compilações como quem deposita
coroas de flores num túmulo ao soldado desconhecido. E agora, que se
encontraram duas peças cruciais – “Miliki Sound”, de 1975, e “African Dialects”,
de 1979 – para o puzzle do afrobeat,
restabelece-se, apelando ao génio de instrumentistas como Dudu Pukwana, Eddie‘Tan Tan’ Thornton ou Bayo Martins, uma verdade que serve também à vida: nada é
sequencial, tudo é simultâneo.
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