Clarke-Boland Sextett “Marcel Marceau Präsentiert: Swing Im Bahnhof” & Francy Boland “Playing With The Trio” (Rearward, 2013)
Numa
revisão de meados dos anos 70 de “The Jazz Book”, escrevia assim o alemão Joachim-Ernst Berendt: “Mesmo sem ceder ao zeitgeist,
a Clarke-Boland Big Band prova o quão vital se mantém a tradição das big band. Com Clarke, patriarca da
bateria, e Boland, pianista belga, como codiretores, notáveis expatriados
norte-americanos – entre os quais Johnny Griffin, Art Farmer e Sahib Shihab – uniram
esforços com instrumentistas europeus do calibre de Manfred Schoof, Ronnie
Scott ou Tony Coe”. Parece digno de parangona e, principalmente entre 67 e 71, de
facto, foi. No entanto, confira-se o extenso artigo sobre big band na Wikipedia de língua inglesa e é como se a fraternal
formação nunca tivesse existido – o que justifica a adverbialidade de Doug Payne, que lhe traçou a evasiva discografia, quando a considera “criminalmente
subestimada”. A Rearward – acedendo à herança de Gigi Campi, não só o antigo
gerente da mais famosa gelataria de Colónia como ainda o administrador e ideólogo
da bicéfala orquestra – corrige há quinze anos tanta desatenção. De uma
assentada, recupera agora um curioso concerto em sexteto – sob a égide dos
amigos da estação ferroviária alemã de Rolandseck – que torrou com latinismos
uma amena noite de setembro de 65 junto ao Reno, e uma plasmática sessão, registada
em 67, de Boland com Clarke e Jimmy Woode, em que se coloca em primeiro plano o
que normalmente estava em segundo. De certa forma, era o adeus ao jazz enquanto
música exótica.
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