Particularmente ecuménico, o título deste novo álbum do
quarteto de Billy Hart, Mark Turner, Ethan Iverson e Ben Street na ECM traz à
memória um livro de Élisabeth Badinter de meados dos anos 80: “L'Un est l’Autre”,
em que, a pretexto de se discutir igualdade de género, se concluía que,
enquanto espécie, trabalhamos excessivamente no sentido de impor as nossas
dissemelhanças. A referência vem de um tempo em que também no jazz se detetavam
resíduos antropológicos, mas é evidente que Hart o precede – ele, que é
daqueles que cosem umas às outras as folhas da história do jazz, possuindo
estágios fundamentais junto a Pharoah Sanders, Herbie Hancock, Stan Getz ou Charles
Lloyd (aliás, retire-se da prateleira, ao acaso, uma enciclopédia, e dá-se pelo
seu nome numas 100 páginas). Por isso, mais importante se torna esta designação
que contraria o mito de dominação cultural que se associa às formações com
líder. O reverso da medalha, já se sabe, é cair-se na mais paradoxal mesmidade,
coisa que se pressente nesta sessão e que a editora agrava quando, na capa, recorre
a uma fotografia de Jean-Guy Lathuilière tão aproximada às de Jan Kricke ou Gérald
Minkoff empregues noutros lançamentos do seu catálogo ou por reincidir no
estúdio de gravação de grande número dos seus discos de jazz, o que leva, por
exemplo, o saxofone de Turner a assemelhar-se aos de Lovano, Potter ou Lloyd
antes ainda de se parecer consigo mesmo. E, não chegando a ser insípida,
inexpressiva ou pouco inventiva, a verdade é que a ação dos músicos – em menos
originais do que o esperado – não sugere propriamente o inverso. Para que
serve, assim, tudo isto que os une?
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