2 de março de 2013

Paradoxical Frog “Union” (Clean Feed, 2012)



O espécime parecia um provocatório oximoro e, de facto, a audição, em 2010, do ensaio inaugural desta banda com filiação nominal na pseudis paradoxa – a rã que encolhe consideravelmente à medida que se vai tornando adulta, isto é, cujas crias são maiores do que os progenitores – confirmava uma inquietante tese empenhada em contrariar alguns dos princípios formais e idiomáticos associados à prática da música improvisada. Numa ocasional concatenação de vozes – solos, duos e trios em extensões tímbricas à primeira vista extemporâneas – que privilegiava uma coalescência mais textural do que melódica, a pianista Kris Davis, a saxofonista Ingrid Laubrock e o multi-instrumentista Tyshawn Sorey, predominantemente na bateria, teciam ondulantes e elípticos padrões, como uma anfíbia criatura enredando limos ao sabor da maré. E em composições discriminatórias, conseguiam também produzir a ilusão de que todos os seus constituintes, inclusivamente os contingentes a uma ação parcialmente indeterminada, eram essenciais. Deste “Union” pode, no mínimo, dizer-se que é ainda mais escrupuloso em seguir esse caminho que não só questiona a morfologia típica do trio de jazz como sugere algo que apenas este trio de jazz poderia criar. Uníssonos anunciativos, contrapontos pacientes, harmonias oblíquas, inesperadas dinâmicas, enfim, um conjunto de estratégias que geram estruturas enciclopédicas, informadas mais por um espírito de vanguarda do que propriamente por determinada escola, focando-se em raras tangentes – intervalos comuns em Thelonious Monk e Morton Feldman ou técnicas semelhantes em Anthony Braxton e Luciano Berio são o tipo de insensatas proposições que inspiram – de densidade variável que ocorrem num espaço de pura invenção e intriga, volátil e evanescente, preciso e espontâneo, pleno de possibilidades.

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