
Par de etapas fundamental na emancipação
de qualquer violoncelista – Casals, Fournier, Du Pré, Maisky, Webber ou Yo-Yo
Ma que o digam –, o concerto em si menor, de
Dvorák, e o concerto em mi menor,
de
Elgar, coincidem nos respetivos fins ao recorrerem a pungentes e meditativas
codas que, como um limite para a racionalidade, praticamente requerem aos seus
intérpretes que nelas partam à deriva, ao invés de que as comandem. É um
dispositivo que – no caso do checo, por contraste – os torna imensos e, de
certa forma, percursores de uma tendência que, mais tarde, Valentin Silvestrov assim
sintetizou: “Com a nossa crescente consciencialização artística, menos textos
poderão efetivamente começar pelo princípio. Isto não significa o fim da música
enquanto arte mas, antes, um fim em que se pode ir demorando – é no domínio da
coda que a vida se torna infinita”.
Isserlis e
Queyras pouco se assemelham, mas
possuem em comum um invulgar talento em vaguear pela ambiguidade mantendo uma
cuidada deliberação em cada gesto e uma aguda perceção do espaço envolvente.
Dir-se-iam um espelho: com interessantes complementos aos programas centrais, o
britânico tempera a catarse e o canadiano arrebata-se num exercício de
contenção. Conforme exigem as peças, flutuam ambos sobre o destino.
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