Abre com um elegante inédito (‘Filosofia de Vida’) e diz logo ao que vem: “Meu destino eu moldei / Qualquer um pode moldar / Deixo o mundo me rumar / Para onde quero ir / Dor passada não me dói / E nem curto nostalgia / Eu só quero o que preciso / Pra viver meu dia a dia”. E se há tendência que sempre o definiu foi precisamente a que equilibrava razão e fé, e que Martinho cantou como “tenho fé na razão”. Esse diálogo entre determinismo e liberdade é, aliás, constante ao longo dos seus 40 anos de carreira. Por sinal, não se imagina nenhum outro sambista capaz de renunciar à nostalgia na noite em que comemora 70 anos de vida. O que é consequência de outro factor determinante na sua trajectória: o culto da fraternidade. Daí que, no samba, seja o maior dos estóicos. Nessa perspectiva, é natural que este concerto em 2008 gravado no Teatro Fecap, de São Paulo, inclua clássicos de 1969, 70 e 71 – como ‘Casa de Bamba’, ‘Pra Que Dinheiro’, ‘O Pequeno Burguês’, ‘Tom Maior’ ou ‘Menina Moça’ – em que celebrava sobretudo a comunidade, a família e a natureza. E é paradigmático que seja nos temas em que está só, cantando a capella, que, pelo coro do público, transpareça a verdade da voz da sua gente.
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