11 de julho de 2009

Verão

Sir Richard Bishop "The Freak of Araby"
Richard Bishop faz surf no YouTube. Através de Oum Kalthoum descobre as canções de Mohammed Abdel Wahab ou, em filmes libaneses dos anos 70, encontra a guitarra de Omar Khorshid. Evoca um clássico Club Med dos anos 60 (“Solenzara”), acelera o tunisino “Sidi Mansour” e celebra Fairuz. Veloz como Dick Dale numa onda de caramelo. Acaba a encantar dunas.

Lura "Eclipse"
Ao sexto álbum, Lura aproxima-se da fonte. E, em parte como consequência da sua acção, descobre-a transformada. Mas chega de sodade. Porque, numa sizígia estética, alinha com gosto canções de Orlando Pantera, B. Leza, Toy Vieira ou Mário Lúcio e, nas mornas, inclina-se formalmente para Teofilo Chantre. O resto é o som de certas esplanadas lisboetas.

Yemanjazz
Uma Big Band à deriva apela à Rainha do Mar. E, como resposta às preces, a mestiça barca chega à terra prometida. Na travessia socorre-se do Coltrane de “Africa/Brass”, do Hermeto de “Zabumbê-bum-á”, do Don Cherry de “Eternal Rhythm” ou do Fela Kuti de “No Agreement”, temperando exaltação epopeica com a elegância e coerência narrativa de Lins ou Gil.

"Mali 70: Electric Mali"
Na segunda década de independência, subsidiada pelo regime de Moussa Traoré, a música do Mali está em chamas. E à ideia de se partir rumo à identidade perdida sobrepõe-se o desejo de modernização. Electrificam-se tribos, chega-se ao funk dogon, ao r&b mandingo, ao afrobeat cósmico e implodem os mais crus, incendiários e expansivos sons da África Ocidental.

"Panama! 2 – 1967-77"
De istmo a canal, elevou-se o ordenamento do território a verdade social. E só quando as relações humanas ganharam fundo nesta roda-dos-ventos estética – cumbia colombiana, mento jamaicano, son cubano ou plena porto-riquenha temperados pelos vapores de Nova Orleães – se preparou terreno para a emancipação. Orgulho na pista de dança com ouvidos no El Bairro.

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