“Ano novo, vida nova”, diz o ditado. Talvez por isso tenha partido a tanzaniana Vijana Jazz Band sob pseudónimo e em sub-repção de Dar Es Salaam rumo a Nairobi a 1 de Janeiro de 1975. E a verdade é que se pretendia gravar não tinha muito mais para onde ir. Porque por mais sucesso que atingisse no circuito local não conseguia o milagre de multiplicar o número de gira-discos no país; e enquanto não se esgotassem os títulos disponíveis no mercado a sua editora não pagaria novas sessões de estúdio. Nascia assim a sugestiva e eminentemente fraudulenta Koka Koka Sex Battalion, despontando com a urgência de uma febre (a do estilo koka koka) e o fulgor de seis iridescentes temas captados na sede do benga, os Hi-Fi Studios, na capital queniana. Até agora, a entrada da banda pairava misteriosamente nas poucas discografias consagradas às editoras da África oriental (em KenTanza Vinyl ou Muzikifan), mas, vasculhando nos baús da AIT, Doug Paterson, o organizador do indispensável site East African Music, foi capaz de restabelecer a ligação, desenterrar a história e situá-la nesta retrospectiva da Vijana Jazz, que se sucede às brilhantes antologias que dedicou a Western Jazz Band, Super Wanyika Stars e Shirati Jazz. E o que encontrou reforça a noção de elasticidade de uma orquestra feita de jactantes baixos, simétricos desenhos de guitarras em ricochete, expressividade idiomática (em narrativas de frequente perfídia), ondeantes solos de saxofone e um impecável sentido rítmico capaz de rivalizar com o melhor de Nuta Jazz, Dar International, DDC Mlimani Park, Safari Sound ou Maquis Original, num período em que a mais vaporosa música do país era a que melhor se impunha nas pistas de dança, e em que o estatuto periférico foi tanto uma maldição quanto uma cura.
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